Retrospectiva 2020 – O que aconteceu com a economia?
Publicado em 29 de dezembro de 2020
Por Jornal Do Dia
* Jussara Carvalho Batista Esteves
No final de 2019, a economia brasileira estava com um otimismo bastante moderado, com a aprovação da Reforma da Previdência, a inflação acima da meta, porém sob controle, permitindo que a taxa básica dos juros alcançasse o menor patamar da história. O crescimento do PIB era tímido e o desemprego ainda alto. Para a bolsa de valores, os investidores acabavam de encerrar mais um ano recorde. Então, o ano de 2020 começou com ótimas expectativas de crescimento da economia e as reformas administrativas. Porém, com os primeiros casos de coronavírus na Ásia e depois na Europa, principalmente na Itália,o comércio internacional desacelerou e a balança comercial brasileira teve o seu pior primeiro trimestre desde 2015.Precisamente em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a Covid-19 era uma pandemia e o mundo parou.
No Brasil, o vírus chegou precisamente depois do carnaval. O comércio e os serviços parados, o crescimento deixou a desejar e a previsão é que o Produto Interno Bruto – PIB,tenha uma retração de 4,5%.A taxa de desemprego está em 14,6% e atinge mais de 14 milhões de pessoas, sendo as mulheres mais afetadas.A desigualdade social no país só aumentou com a pandemia.Hoje, 10 milhões de brasileiros vivem com fome, abaixo da linha da pobreza e em estado de vulnerabilidade social. Segundo os dados de IBGE, o Brasil passou a fazer parte do mapa da fome. O Governo Federal criou o Auxílio Emergencial no valor de R$ 600,00 e foram desembolsados R$ 267,9 bilhões que beneficiaram 67 milhões de pessoas, o que evitou uma queda salarial em massa, segundo o Ministério da Economia.
As famílias tiveram endividamento recorde, resultado da crise do desemprego e redução dos salários, sendo o cartão de crédito e o cheque especial os maiores vilões dos consumidores .Outro ponto importante foi a inflação,resultado de uma depreciação cambial e elevação dos preços de algumas comodities no mercado internacional. O mercado financeiro parou. O dólar passou de R$ 5,00 e o euro passou de R$ 6,00. A taxa SELIC diminuiu para 2% e continua estável até hoje. A bolsa de valores caiu mais de 10%. O circuitbreaker- uma parada nas negociações para acalmar os ânimos-, foi acionado cinco vezes e em 31 de março 2020 o índice acumulou uma desvalorização de 29,9%, o pior desempenho mensal desde agosto de 1998, em meio à crise russa.
Para concluir, o governo estabeleceu no início do ano como meta fiscal um déficit público de 118,9 bilhões. A pandemia, os gastos extraordinários da pandemia,aliados à crise econômica, jogaram por terra essa meta, que foi derrubada. De qualquer forma, pelo decreto de calamidade pública, que desobrigou o governo de cumpri-la. Além das despesas com o Auxílio Emergencial e outras para mitigar os efeitos da pandemia, o governo se deparou com uma queda brusca na arrecadação, provocada pela paralisação econômica. E as contas devem chegar ao final deste ano, com um rombo de cerca de cinco vezes o esperado. Em outubro estava em 661,8 bilhões.
Todos esses números acendem um alerta para a expectativa de 2021, que virá cheios de desafios para economia brasileira, com a possível segunda onda da Covid-19, adiando a retomada da economia, o mercado de trabalho deteriorado, com o elevado nível de desemprego e elevado aumento da dívida pública brasileira.
Portanto, este ano marcado até hoje com aproximadamente 187 mil brasileiros mortos pela COVId-19. Um ano de muita tristeza e dor, além de outras dificuldades, inclusive a financeiras. A grande expectativa é a vacinação em massa da população em 2021, ou seja, é preciso urgentemente um plano para imunização em massa orquestrado pelo Governo Federal, pois é na vacinação onde se encontra nossa maior esperança de dias melhores, desejo a todos um feliz 2021.
* Jussara Carvalho Batista Esteves , economista. M. Sc. Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Pós-graduação em Desenvolvimento Econômico Regional (UFS). Analista em Desenvolvimento Regional – Economista CODEVASF 4ªSR- Unidade de Finanças 4ªGRA/UFN. Elaborado 16.08.2020 @planejase77