Quinta, 23 De Janeiro De 2025
       
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Rogério é cria político de Déda e agora representa o anseio por mudança


Publicado em 29 de outubro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Pela primeira vez desde 2006 quando Marcelo Déda (PT) foi eleito governador de Sergipe, a oposição de centro/esquerda pode vencer a disputa estadual nas eleições deste domingo (30). O senador Rogério Carvalho (PT) comanda uma ampla coligação que venceu a disputa no primeiro turno e chega ao segundo turno liderando a maioria das pesquisas realizadas até agora.
A doença do opositor, deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), candidato do centro/direita, que na quarta-feira (26) foi hospitalizado devido ao cansaço provocado pelos 90 dias de campanha, acabou prejudicando a disputa estadual. Em função da doença, na quinta-feira a TV Sergipe cancelou o debate entre os candidatos a governador, evitando o confronto final antes do pleito, num tipo de programa onde Rogério sempre se apresenta de forma mais consistente.
Rogério é cria político de Déda. Em 2000, havia acabado de concluir em São Paulo o doutorado em Saúde Pública quando foi convocado pelo prefeito recém-eleito de Aracaju para revolucionar o setor na capital.
Foi secretário da Saúde nas gestões de Déda no comando da Prefeitura de Aracaju e do governo do estado, sendo responsável pela criação da maior estrutura física do setor de saúde no estado. Na PMA, implantou os dois hospitais municipais – o Nestor Piva (zona norte) e o Fernando Franco (zona sul) -, que permitiram a redução do fluxo de pacientes no Hospital de Urgência de Sergipe.
Quando Déda deixou o comando da PMA em abril de 2006 para disputar o governo do estado, Rogério deixou a saúde municipal e foi candidato a deputado estadual. Em 2010, quando o governador foi reeleito, conquistou mandato para a Câmara Federal.
Para derrotar João Alves Filho em 2006, Déda fez uma grande frente, incluindo partidos e lideranças com perfis ideológicos completamente antagônicos. Saiu em busca de apoio, município por município, e virou uma disputa entre governo e oposição. No primeiro turno destas eleições, Rogério não pode montar uma frente tão ampla quanto a Déda, disputando com o apoio de partidos de centro/esquerda. No segundo turno, como é de praxe, aceitou o apoio de todos os partidos e lideranças que se aproximaram.
Em 2006, a vitória de Déda representou o fim de um ciclo político liderado por João Alves Filho e Albano Franco, que comandava o estado desde a ditadura militar – abril de 1964 a março de 1985. Em 1978, Augusto Franco foi o último governador indicado pela ditadura militar; João foi eleito governador em eleições diretas pela primeira vez em 1982; Antonio Carlos Valadares, o vice de João, foi eleito em 1986; João foi reeleito em 1990; Albano eleito e reeleito em 1994 e 1998; João volta em 2002, e em 2006 disputou e perdeu a reeleição.
A vitória de Déda representou uma grande ruptura que o sistema até então em vigor, possibilitou o surgimento de lideranças novas, e foi reeleito em 2010 tendo Jackson Barreto como vice-governador – virou governador em 2013 em função da morte de Déda – e foi reeleito em 2014, com Belivaldo Chagas como vice; Belivaldo foi reeleito em 2018, com Eliane Aquino (PT), a viúva de Déda, como vice.
Em 2018, Rogério foi eleito senador num pleito em que Belivaldo apoiava abertamente Jackson e o ex-deputado André Moura. Aos poucos, o atual governador foi afastando os aliados de Rogério e do deputado João Daniel da administração, chegando à ruptura em 2020. Apenas Eliane mantinha alguns cargos, mas já havia perdido o comando da Secretaria de Inclusão Social.
Nestas eleições, Belivaldo agiu inclusive junto ao ex-presidente Lula para tentar barrar a candidatura de Rogério. Sem êxito, usou a estrutura administrativa do estado para atrair partidos e lideranças para a candidatura de Fábio Mitidieri, num esquema sem precedentes no estado desde a derrota de João em 2006.
Rogério unificou o PT sergipano, a viúva de Déda está em seu palanque e, ao lado de Lula, realizou em Aracaju a maior manifestação política do estado de Sergipe desde o grande comício das Diretas Já em 1984.
Uma eventual vitória de Rogério Carvalho neste domingo representa a vitória dos militantes de centro/esquerda que estavam no palanque de Marcelo Déda em 2006, e das novas gerações, que querem oportunidades. E incluiu Sergipe na luta pela pacificação do país sob o comando de Lula.

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