ROLL OVER BEETHOVEN
Publicado em 20 de dezembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Qual a longevidade de um artista e de sua música? O que define a sua perenidade e a sua imortalidade? Quantos podem, dois séculos e meio depois de nascidos, ainda serem reverenciados e serem referências para a geração do tempo presente? Certamente, poucos. Uma lista de gênios, mas também de tipos os mais diversos, que souberam emprestar seus talentos a serviço à arte, com peças de encherem os corações e fazerem bem aos ouvidos.
Ciente de que toda unanimidade é burra, como preconizava Nelson Rodrigues, uma maioria expressiva irá concordar comigo, até os mais novos, que um personagem e sua seara musical estão entre os raríssimos notáveis que ainda sobrevivem no panteão dos grandes nomes da música universal: Ludwig van Beethoven. Nascido em 17 de dezembro de 1770, em Bonn, Alemanha.
Notabilizado na música clássica, compositor de vasto talento, Beethoven deu seus primeiros passos com apenas 7 anos de idade, influenciado pelo pai, Johann van Beethoven, que era tenor. Com 10 anos, já dominava a técnica do piano com desenvoltura. Aos 21 anos de idade, se radicalizou em Viena, na Áustria, quando mergulhou em definitivo no campo musical. Cinco anos depois, passou a perder a audição e aos 44, já não ouvia mais nada.
Na surdez, conseguiu produzir, inclusive, uma de suas mais belas composições: a 9ª Sinfonia. Constam ainda de sua lista de sucessos: Moonlihgt Sonata (Fisrt Movement); Für Elise – uma canção esplendorosa, cativante e relaxante, daquelas que ouvimos geralmente em caixinhas de música, com uma bailarina a rodopiar; e A quinta sinfonia – um primor de dramaticidade e de execução; só para citar as mais conhecidas do público comum.
Para Edgar Matsuki, da Agência Brasil, o legado de Beethoven é atemporal e transcendental: "(…) alcança pessoas que talvez nunca cheguem a saber quem era. A prova disso é que composições dele podem ser escutadas nos espaços mais corriqueiros" (17.12.2020).
Enterrado em vala comum, ele faleceu no dia 26 de março de 1827, aos 56 anos, em Viena. Seu velório e sepultamento, ocorridos três dias depois, foi uma apoteose, com milhares de pessoas presentes, o que confirma a tese de que ele fora um grande pop-star para a sua época, uma figura lendária e marcante para a sua geração e para outros tempos e lugares, como um astro de rock do nosso tempo.
Para marcar seu lugar nos anos 50 nas décadas seguintes, cravando uma espécie de divisor de águas, Chuck Berry lançou em 1956 o hit Roll over Beethoven. Numa tradução aproximada do português falado no Brasil hoje, entre os mais populares, algo do tipo "receba, Betohoven". Uma letra que sobrou até para Tchaikovsky como uma espécie de ode ao rock in roll, mas, por incrível que pareça não há nenhum demérito ao famoso compositor alemão, mas uma homenagem e uma forma de dizer: você foi grande até então, mas agora é nossa vez.
Em 1963, Roll over Beethoven repetiu seu sucesso de público e de aceitação de crítica, sobretudo entre os jovens, e fez parte do repertório do segundo álbum dos Beatles – With the Beatles (faixa 1, do lado B), com George Harrison no vocal e na guitarra base. Uma interpretação ainda mais dançante que a do pai do rock. Em 1984, foi a vez de Raul Seixas, no álbum Ao vivo – único e exclusivo. Em todas as versões, Beethoven ficaria lisonjeado, inquieto e criativo como foi, com a ousadia dos cabeludos de Liverpool e da turma da batida de cabeça.
No cinema, no barzinho da esquina, no assovio do vendedor de rua, nos teatros refinados, seja qual for o lugar e a situação, ele segue vivo e eternizado em sua fama e canção. Durma com um barulho desse, Beethoven. Feliz aniversário!