Saneamento e desigualdade
Publicado em 22 de maio de 2019
Por Jornal Do Dia
Os dados de saneamento básico são os que melhor traduzem a desigualdade entre os brasileiros. Os indigentes na base da pirâmide social vivem em condições subumanas, sem água encanada, sem energia elétrica, sem coleta de lixo, em ruas sem calçamento, com esgoto correndo a céu aberto. Milhões de cidadãos, principalmente no norte e nordeste do país, não conhecem as comodidades da vida moderna.
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelou um retrato estarrecedor do Brasil. Neste país abençoado por Deus, 1,7 milhão de domicílios sequer possuem banheiros de uso exclusivo.
Em todo o país, 66,3% das residências escoam o esgoto pela rede geral ou por meio de fossa ligada à rede geral. Na região Sudeste, observa-se o cenário mais avançado, com o percentual de 88,6%. No outro extremo, contudo, somente 44,6% dos domicílios nordestinos registram o escoamento do esgoto através da rede geral.
A disparidade se repete em todos os aspectos catalogados pelo IBGE. No norte e nordeste do Brasil, historicamente relegados a segundo plano em matéria de investimentos do governo federal, tudo ainda está por ser feito.
A esperança de providências, no entanto, é inversamente proporcional à urgência de obras. Em primeiro lugar, há a famigerada crise, impedindo investimentos mais robustos até no essencial, a exemplo de saúde, educação e segurança pública. Em segundo lugar, o presidente Jair Bolsonaro jamais escondeu o rancor em relação aos nordestinos. Tivesse a região maior peso eleitoral, ele jamais seria feito presidente.