Santo remédio

Ano passado, o governador tanto se esbaldou durante os festejos de junho que terminou por cair de cama, doente de arrocha e forró.

Lembro de, à época, receitar uma bebeiragem saborosa, capaz de restaurar as forças e inflamar o espírito de Fabio Mitidieri. Refiro-me ao conhaque de alcatrão, acrescido de mel e limão – um santo remédio.

Leio agora sobre o evento superlativo com o qual Mitidieri pretende sanar todas as dores do arraial Serigy, com o condão de promover o turismo, aquecer a economia, fazer vibrar o tambor tímido da nossa cultura. Discurso surrado, com efeitos conhecidos. A grandeza dos números, contudo, impressiona (ver nesta pagina).

Passo a vista sobre a programação dos festejos juninos 2025, o emplastro festivo do governo de Sergipe. Não me animo. Entre a cura milagrosa do governador e o revigorante elixir dos botequins, servido a distintos clientes de pé inchado, fico com o segundo.

Tiro e queda – Nos botecos, a bebeiragem é servida em copo americano, cheio até a borda. Como medida profilática, contudo, convém alternar as doses do remédio com a cerveja gelada de todos os dias. Ao menos, até o tempo se firmar de novo, exortado pelo samba maravilhoso de Nelson Cavaquinho.

Prevenir é sempre melhor do que remediar. Diferente do governador, eu não posso me dar ao luxo de adoecer, tirar dois dias de folga, adiar todos os meus compromissos até amanhã. Meia dúzia de leitores contam com estas mal traçadas linhas, carecem de informação e lirismo. Faça chuva ou faça sol.

Dou aqui a minha receita para enfrentar todas as pestes, portanto, desde o mau humor inspirado pelo céu nublado, até as viroses que derrubam homens e crianças, sem fazer distinção entre a gentalha e o próprio rei.

Há outras. O jornalista Cleomar Brandi, por exemplo, não botava os pés fora de casa, por assim dizer, sem dispor de uma garrafa de Domecq. Viveu muito, o velho safado. Não consta em crônica publicada que tenha um dia ficado doente.