Terça, 21 De Janeiro De 2025
       
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Saudade do Brazil


Publicado em 11 de julho de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Disse nada!

Rian Santos – riansantos@jornaldodiase.com.br
 
Eu gostaria de julgar o comediante Carlos Alberto de Nóbrega somente por sua notória inaptidão para provocar risadas.Mas o homem abandonou o banco da praça onde conta as mesmas piadas há décadas,surpreendido de pénuma arena política. Levantou a bunda, falou, falou… Disse nada.
Palhaço sem graça, Carlos Alberto toma opré conceito mais rasteiro por ideiaoriginal. Assim, comporta-se como os reaças desocupados dos botecos e cobra um diploma ao presidente Lula, já em seu terceiro mandato no posto mais alto da República. Ele revela, inadvertido, a saudade inconfessável de uma colônia povoada por senhores e servos, letrados e analfabetos, quando o cerceamento do discurso se dava principalmente por via de desigualdades e privilégios naturalizados.
Em breve palestra, publicada depois sob o título ‘A ordem do discurso’, o filósofo Michel Foucault se debruça sobre os mecanismos adotados com o fim de interditaro uso da palavra. O elogio à técnica, ele demonstra, consta entre os mais eficientes.
O próprio Foucault levanta, no entanto, hipóteses contrárias à relevância de um sistema de conhecimento especializado como condição incontornável à apreensão do real:
“No nível da experiência originária, antes mesmo de poder retomar-se na forma de um ‘cogito’, significações anteriores, de certa forma já ditas, percorreriam o mundo, dispondo-o ao redor de nós e abrindo-o, logo de início, a uma espécie de reconhecimento primitivo. Assim, uma cumplicidade primeira com o mundo fundaria a possibilidade de falar dele, nele; de designá-lo e nomeá-lo; de julgá-lo e conhecê-lo, finalmente, sob a forma da verdade”.
Pedestre em matéria de filosofia, afago os calos na palma de minha mão, em reverência a minha pobre experiência de mundo e  consideração aos saltos de imaginação descritos por Foucault. De fato, algumas piadas, alguns humoristas, envelhecem mal, constato enquanto passo um grande elenco de profissionais da TV em revista.Mas Carlos Alberto foi sempre um nanico, indigno do ofício de Chico Anísio.
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