Seca
Publicado em 24 de julho de 2018
Por Jornal Do Dia
A palavra da qual ninguém sen tia saudade voltou ao noticiário, evocando dramas seculares com a grafia de poucas letras. Desta feita, os produtores de milho do interior sergipano são os primeiros a reclamar o açoite. Na ponta do lápis, o prejuízo é de R$ 78 milhões. A dimensão humana do flagelo, no entanto, não pode ser conformada em fórmulas matemáticas. O temor é de que a força dos sertanejos seja colocada a prova mais uma vez.
No plano econômico, o revés dos produtores tem consequência coletiva. O sertanejo não planta e colhe para si próprio. Estima-se que, com a perda da safra, R$ 204 milhões deixem de ser movimentados em Sergipe.
A seca, velha conhecida, reabre assim feridas muito antigas, num momento já bastante delicado para a economia local. Em Sergipe, 32 municípios decretaram estado de emergência, devido à estiagem prolongada, ano passado. A experiência foi suportada com a abnegação exigida pelas situações extremas e a certeza de que mais dia, menos dia, o desgosto de tão amarga provação seria vivido outra vez.
Conta-se que na seca de 1980, ainda durante o governo militar, o presidente João Figueiredo admitiu a sua impotência diante da estiagem prolongada e se resignou ao primeiro recurso do sertanejo. Segundo ele, restava rezar. E assim tem sido, ao longo dos anos. Medidas paliativas tentam remediar o flagelo, mas a única esperança de conforto realmente significativo paira num céu sem nuvens, impassível, tristemente alheio a tanta oração.