Sem heróis, nem heroísmo

O corregedor-nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, afastou a juíza Gabriela Hardt de seu cargo na Justiça do Paraná. As decisões do ministro serão analisadas agora pelos demais conselheiros do Conselho Nacional de Justiça.

Em sua decisão, Salomão afirma que Gabriela, “aparentemente descambando para a ilegalidade”, faltou ao dever funcional de prudência e separação de poderes, violando o Código de Ética da magistratura ao discutir previamente com procuradores da extinta força-tarefa decisões que tomaria no âmbito da Operação Lava Jato.

O corregedor afirma ainda que a atuação dela para a criação de uma fundação com recursos de multas pagas por condenados da Lava Jato foi “eivada” de irregularidades.

De fato, a notoriedade de personagens como a juíza Hardt e o agora senador Sérgio Moro na arena pública brasileira está diretamente ligada aos métodos pouco ortodoxos da Operação Lava Jato. Uma mácula de dúvida sempre pairou sobre os desdobramentos da ação penal, com as consequências sabidas no cenário político e econômico nacional. 

Nada mais perigoso para a ordem legal do que a influência de agentes públicos à vontade no papel improvável de super heróis. Quando um juiz personaliza uma causa tão complexa como o combate à corrupção, por exemplo, é preciso muito cuidado para não misturar ficção e realidade, provas e convicções. Mais das vezes, as ações do homem de carne e osso não alcançam a estatura do personagem.