Sem policiamento formal, bloquinho termina com brigas e tiros
Publicado em 18 de fevereiro de 2020
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
O fim de semana de pré-carnaval em Ara caju foi manchado por incidentes ocorridos ao final da passagem do bloco "Mamãe Chego Já", na Avenida Antônio Carlos Franco, bairro Jardins (zona sul), atrás do Parque da Sementeira. Segundo a Polícia Militar, equipes da corporação foram chamadas ao local por volta das 21h de sábado, quando moradores começaram a relatar uma série de brigas, o consumo de drogas e a presença de paredões em volume alto no entorno da festa.Algumas dessas brigas foram registradas em vídeos que circularam pelas redes sociais.
Uma das gravações mostra cerca de seis jovens dando socos e chutes em um rapaz que estava sentado e acuado no chão, próximo ao trio elétrico. O grupo para e se dispersa com a chegada de um grupo de policiais militares, que avança e prende os agressores com energia. O comando da PM diz que uma das equipes enviadas ao local foi atacada com pedras, garrafas e objetos atirados por alguns frequentadores, o que obrigou soldados do Batalhão de Radiopatrulha (BPRp) a dispersarem a multidão com sprays de pimenta e tiros de bala de borracha. Duas pessoas foram presas e levadas para a Central de Flagrantes, acusadas de agressão física contra dois militares.
A repercussão dos tumultos gerou uma troca de acusações entre a PM e os organizadores do bloquinho. Por um lado, a corporação afirma que o evento não estava autorizado a acontecer porque não tinha condições de segurança. A alegação é rebatida pelo ‘Mamãe Chego Já’, que afirma ter recebido autorização da Prefeitura e de outros órgãos, além de ter solicitado o reforço de policiamento externo e recebido a negativa do Comando da PM.
O coronel José Moura Neto, comandante de Policiamento Militar da Capital, afirma que as condições de funcionamento do bloquinho eram ‘incomuns’ e resultaram em ‘quebra da ordem’, o que exigiu a intervenção da PM. "Nós fomos chamados para restabelecer a ordem pública naquele local, e tivemos que agir com força. O evento estava acontecendo atrás de um hospital [Primavera], o que acho uma situação comum, tinha terrenos baldios com paus e pedras, tinha a venda livre de bebidas em garrafas que acabaram sendo atiradas contra os foliões e contra uma viatura. O organizador foi avisado que não teria condições de fazer policiamento extraordinário, e tivemos que deslocar efetivos de outros blocos", afirmou.
O comandante também disse que fez registrar todo o relato dos incidentes em um documento enviado ao Ministério Público, e admitiu que irá pedir a responsabilização judicial dos organizadores do bloquinho, por terem desrespeitado uma recomendação da PM. Ele também pediu a antecipação de uma reunião que já estava marcada com o MP, para alinhar regras com as autoridades municipais e os organizadores dos outros eventos de carnaval, de moro a não liberarem blocos e shows que não tenham condições de segurança. Moura Neto argumenta que, por conta do baixo efetivo, os eventos não planejados acabam quebrando o planejamento do policiamento na cidade, desguarnecendo a segurança de bairros e outros eventos.
Resposta – Os organizadores do ‘Mamãe Chego Já’ divulgaram uma nota na tarde de ontem e criticaram a atuação dos PMs que foram ao local para dispersar o evento. No texto, eles dizem que o evento cumpriu todas as exigências e obteve as liberações necessárias dos órgãos competentes para a sua realização, incluindo o Ministério Público, com ofícios protocolados e taxas pagas ainda em 2019, antes do prazo mínimo.O evento contou ainda com 80 seguranças de uma empresa privada e estrutura de bombeiros civis e posto médico.
A nota diz ainda que o bloco enviou um ofício ao Comando da PM no dia 13 de dezembro, com o pedido de policiamento que acabou negado. "O ofício recebeu indeferimento no ato sob a alegação de que não haveria disponibilidade do policiamento, devido à falta de contingente pela grande quantidade de eventos na cidade, mesmo com a produção disposta a fazer o pagamento de eventuais despesas da CPMC para o policiamento ostensivo na parte externa do evento", diz.
A organização ressaltou ainda "o indeferimento não impede a realização do evento" e relata que, o evento transcorreu sem problemas durante seis horas, até a chegada de uma viatura da PM que deu prazo de cinco minutos para o encerramento do bloco.