Sem salários, rodoviários da Modelo voltam a parar na capital

Milton Alves Júnior

Rodoviários que compõem a empresa Viação Modelo voltaram a cruzar os braços em protesto contra problemas administrativos que resultam na falta e/ou atraso no pagamento de salários, não repasse de gratificações por acúmulo de funções, insegurança no sistema interligado, além de precárias condições de trabalho. Realizado no início da manhã de ontem, a paralisação temporária da classe trabalhadora atingiu diretamente ônibus que transitam pelo Terminal de Integração do Mercado, na zona norte de Aracaju. Ao todo, 20 itinerários foram atingidos. Por mais de três horas os veículos permaneceram estacionados sem operação. A estimativa é que mais de 10 mil usuários do sistema tenham sido atingidos durante a suspensão parcial do transporte coletivo.
Na tentativa de minimizar os impasses protagonizados entre empresários e trabalhadores, no último dia 15 a prefeitura de Aracaju anunciou que as passagens seriam reajustadas de R$ 4 para R$ 4,50. Para Paulo Santos, funcionário da Viação Modelo, é preciso que os órgãos de defesa do trabalhador possam atuar com maior intensidade jurídica. “Pedimos isso com o desejo de que os nossos direitos sejam respeitados, o que não está acontecendo desde o ano passado. Não é nossa vontade parar os veículos e causar transtornos para as pessoas que dependem desse transporte para ir à escola, trabalho, unidades de saúde, enfim. Paramos porque é o único jeito de nossa reivindicação ser verdadeiramente ouvida”, disse.

Contraponto – Conforme vem destacando ao longo dos últimos seis meses, a direção do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) alega que o cenário financeiro e administrativo enfrentado pelas empresas – que compõem o sistema -, de fato, tem contribuído para a manutenção destes impactos junto aos trabalhadores. “Funcionários questionam atrasos nos salários, todavia o setor já vem lidando com sérias dificuldades para se reestabelecer. Algumas medidas recém anunciadas pela Prefeitura de Aracaju estão ajudando bastante a amenizar a situação que se agravou em especial na pandemia com acúmulos de débitos com fornecedores somado aos aumentos dos custos do serviço”, relatou o Setransp.
Ainda de acordo com a entidade sindical, a prefeitura de Aracaju, por exemplo, liberou R$ 4,8 milhões de aporte (cerca de 1/3 desse valor para cada grupo de empresas operadoras) de um montante de R$ 9 milhões, referente a antecipação de vale transporte e pagamento de parte das gratuidades, e o restante será repassado em parcelas já nos próximos meses. “Essa medida, embora seja de grande valia, não resolve em totalidade o desequilíbrio econômico. É preciso que as autoridades públicas se somem a esse serviço que é essencial à população com outras providências, como por exemplo, a redução do ICMS do diesel. Um insumo que ano passado chegou a subir 80% e este ano já acresceu mais de 40%”, completou.
A Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) informou que o sistema foi normalizado no início da tarde após empresários e trabalhadores firmarem um acordo indicando pagamento da quinzena do mês passado até a noite de ontem, e a quinzena deste mês a ser paga na próxima segunda-feira (30).