Sindicato fiscaliza Hospitalde Campanha após denúncias
Publicado em 04 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia
Um grupo de integrantes do Sindicato dos Enfermeiros de Sergipe (Seese) fez uma fiscalização ontem de manhã no Hospital de Campanha Cleovansóstenes Pereira de Aguiar (HCamp), construído provisoriamente pela Prefeitura de Aracaju no Estádio João Hora de Oliveira, no Siqueira Campos. A entidade afirma que veio verificar a procedência de denúncias que apontaram problemas no funcionamento do hospital, como falhas na rede de gases usados no tratamento dos pacientes, problemas com a regulação de pacientes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), leitos ociosos, falhas nas escalas de plantão e contratação indevida de funcionários.
A principal questão alegada pelo Seese foi o problema no sistema de gases, que chegou a parar de funcionar algumas vezes, o que gerou problemas para a intubação de alguns pacientes e até fez com que alguns deles tivessem seu quadro de saúde agravado. Um desses casos, segundo a presidente do sindicato, Shirley Diaz Morales, foi a morte de uma enfermeira que estava com Covid-19 e sofreu um trauma pulmonar, que agravou seu estado de saúde. Ela afirmou ainda que, por causa dessa situação, algumas equipes do Samu estariam sendo chamadas para dar suporte ao HCamp, por desqualificação ou mesmo por falta desses profissionais de saúde, já que parte dos contratados também dão expediente em outras unidades de saúde e não estão conseguindo conciliar seus horários.
Outra questão levantada foi a dos leitos ociosos, que não estariam sendo ativados por problemas de estrutura e também por falhas na regulação de pacientes, que não estariam sendo mandados de algumas UBSs. "Recebemos diversas denúncias acerca de problemas na rede de gases e ociosidade de leitos existentes, que ocasionava uma maior lotação em outros hospitais. Percebemos que dos 152 leitos só se tem 60 leitos ativos e desses, até o início da fiscalização, somente 41 leitos estavam ocupados, o que não justifica a dificuldade das Unidades Básicas de Saúde estar referenciando para cá muito menos de uma superlotação em uma UPA como o Fernando Franco", disse Shirley, em entrevista à TV Sergipe.
Os sindicalistas alegam que, durante a fiscalização, foram impedidos de tirar fotos de dentro do HCamp, o que configuraria obstrução à fiscalização. O vereador Americo de Deus (Rede), que acompanhava a o grupo do Seese, reclamou que foi barrado na entrada da unidade. "Estivemos às 9h no Hospital de Campanha todos devidamente equipados de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, para fiscalizar o hospital instalado para atender pacientes com Covid. Lamentamos que não pudemos entrar mesmo tendo o direito porque o parlamentar é um fiscalizador do executivo. Nossa intenção não era tumultuar, mas verificar denúncias para adoção de melhorias para o hospital, ou seja, para população", criticou Américo, prometendo encaminhar as denúncias do sindicato ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e ao Conselho Regional de Enfermagem.
Resposta – Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informa que respeita toda e qualquer manifestação de categoria trabalhista, e reforça que, de acordo com portarias emitidas pelo Ministério da Saúde e pela Prefeitura de Aracaju, não é recomendável quaisquer visitas em Unidades Hospitalares exclusivas para o tratamento do novo coronavírus. "A gestão lamenta a politização das ações de combate à Covid-19, principalmente por se tratar de uma situação de vulnerabilidade da vida, na qual a Prefeitura de Aracaju trabalha diuturnamente desde março, quando implantou o Comitê de Operações Emergenciais", disse a SMS.
Sobre as denúncias do Sindicato dos Enfermeiros, a secretaria diz que o HCamp não passou a funcionar com 152 leitos e sim com 60, sendo que a previsão para a abertura de mais 42 leitos é para hoje, 4 de julho, subindo para 102. "A ativação desses novos leitos foi possível graças a contratação dos médicos formados no exterior, determinada por uma Ação Civil Pública movida pelos Ministérios Público Federal, Estadual e do Trabalho e pela contratação de médicos listados pelo Cremese", afirma a SMS, acrescentando que, com a contratação dos profissionais de saúde de acordo com Processo Seletivo e editais de Chamamento Público, o HCampterá mais 39 médicos, 35 enfermeiros, 35 técnicos de Enfermagem, 14 farmacêuticos e 10 fisioterapeutas.