Sexta, 24 De Janeiro De 2025
       
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Sobre Germanos


Publicado em 28 de maio de 2019
Por Jornal Do Dia


 

* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
 
A página "Santo do Dia" (santo.cancaonova.com), da ‘Comunidade Católica Canção Nova’, apresenta hoje, 28/05, "São Germano, homem de oração e escuta". De lá, transcrevo, na íntegra, o pequeno texto sobre este santo, não tão conhecido entre nós:
"Seu nome quer dizer ‘irmão’. Nasceu em 378 na França. Foi muito cedo para os estudos e acabou estudando Direito em Roma. Mas, seu grande desejo, era o de viver o Santo Evangelho. E foi pautando a sua vida na Palavra do Senhor. Homem de oração e escuta, era dócil e pronto para renunciar a si mesmo e optar pelo querer de Deus. Germano foi visitado pela Divina Providência. Foi eleito governador da alta Itália mas, de repente, com a morte do Bispo em sua terra natal, o povo e o clero o escolheram Bispo. São Germano renunciou à sua vontade e quis a vontade de Deus para sua vida. Promoveu a vida monástica e a evangelização na França. Foi um apóstolo de Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo. Com o exemplo deste santo, aprendemos que precisamos viver como verdadeiros irmãos".
Pois bem! Ao deparar-me com o nome do santo, Germano, lembrei-me de um texto escrito por meu pai, o ‘Memorialista Raymundo Mello’, intitulado "Sobre Germanos", publicado aqui no ‘Jornal do Dia’ na edição de 21/03/2015. O artigo nada tem a ver com o santo, mas "vale a pena ler de novo".
Fala, Raymundo Mello!
– Conheci e conheço ainda alguns Germanos. Germano Valença, arquiteto de alto nível; Germano Matias, compositor/sambista paulistano; Claudionor Germano, cantor, compositor pernambucano e maior intérprete de frevos e canções; seu Germano, antigo cabeleireiro; Germano José, colega de Ginásio e muitos outros que não lembro agora.
Cada um com seu carisma, especialmente em suas atividades. Se entre eles, algum (uns) já não está (ão) vivo (s), valeu pela lembrança.
O doutor Germano Valença, conheci por intermédio de um dos meus patrões (eu disse conheci, não disse convivi), senhor Arnaldo Sobral. À época, anos cinquenta, doutor Germano exercia suas atividades com grande prestígio; seus projetos arquitetônicos seguiam a linha modernista da época, funcionais, leves, mas de grande aceitação e ideias de liberdade, especialmente na área residencial.
Ele não morava aqui. Tinha parentes (inclusive irmão) em Sergipe, porém, morava em Recife ou no Rio de Janeiro, não lembro bem. Só sei que ele era amigo do meu patrão e, de vez em quando, ia ao escritório da empresa, onde conversavam, e projetou uma casa para ele.
Pois bem! Essa casa diferente, que ainda existe, em uma esquina da avenida Ivo do Prado, realmente chamava atenção dos transeuntes; era simples, mas diferente dos padrões daquela época (zona nobre).
Uma tarde de sábado, comércio fechado mas a agência da Real aberta, todos em plena atividade, seu Arnaldo presente, surge na porta da frente do escritório (rua São Cristóvão), muito bem vestido em roupa branca bem cuidada, tragando charuto – segundo ele, Suerdieck -, o senhor Giordano Chagas, amigo dos patrões, que, de vez em quando, às tardes de sábado, aparecia para um papo, sábados sozinho e sábados acompanhado do jornalista/escritor Zózimo Lima (Variações em fá sustenido), seu colega de Correios e Telégrafos, amigos e ex-colegas do senhor Sobral, um dos três sócios da empresa.
Zózimo, com conversas mais suaves. Giordano, mais alegre, vibrante, irreverente até. Nesse sábado estava só, com seu charuto aceso. Da porta mesmo, viu o senhor Arnaldo Sobral e, antes de um "boa tarde", foi logo bradando: "Arnaldo, soube que aquela ‘arapuca pra pegar passarinho e outras aves maiores’ é você que está construindo naquela nesga de terra lá na ‘rua da frente’ olhando para o rio. Não acreditei, porque julgo que você tem bom gosto. É você mesmo, Arnaldo?".
E seu Arnaldo, calmamente: "é nossa, sim, Giordano, e você, parado no tempo e no espaço, disse tudo sem sentir. Ali, naquele terreno pequeno, em linhas modernas, o arquiteto Germano Valença, de grande prestígio nacional, projetou uma casa que tem tudo, em estilo funcional. Tudo o que tem em um imóvel grande, com simplicidade e conforto, tem naquele imóvel, pra você, pequeno, mas, para uma família como a minha, que você bem conhece – eu, a esposa e o meu cunhado, quando por aqui aparece -, ela é completa. E tem uma dependência para nossa servidora, melhor do que de muita ‘casa grande’ que tem por aí. Entendeu, Giordano?". E Giordano, bem sério: "Entendi e gostei de você me dar todas essas explicações. Faça bom proveito! Mas, pra mim, continua sendo uma ‘arapuca pra pegar passarinho’.
Mas o Germano que vou relatar a seguir é outro.
Certo dia, na repartição em que trabalhei por 30 anos, vi e ouvi um desentendimento no balcão. Um senhor, procuração em punho, estava ali para receber um pecúlio, determinado pelo poder judiciário em favor do beneficiário, que residia no Rio de Janeiro. O valor já havia sido liberado após seguir os trâmites legais, tutelado por seu advogado, que, segundo o procurador, foi quem redigiu a procuração; firmas reconhecidas em cartório e tudo mais.
Mas o funcionário negava-se a efetuar o pagamento porque o pecúlio estava estipulado para ser pago a "Fulano de Tal" e na procuração constava como beneficiário do pecúlio deixado para seu irmão "germano Fulano de Tal". Para ele, faltava a inclusão do nome completo do germano e ele ainda criticava que deram tão pouca importância ao senhor Germano que o nome dele saiu com letra minúscula e sem sobrenome. "Assim como está e sem a procuração do Germano, não efetuo o pagamento; e se mais adiante o Germano aparece por aqui e quer a parte dele, como fico?" – rechaçou o Tesoureiro.
O procurador resolveu voltar ao advogado e, ao invés de lhe pagar os honorários combinados, informou o que aconteceu. Este, então, aceitou acompanhar o interessado e, solenemente, apresentou-se à funcionária indicada pelo seu cliente. Aquela o atendeu e disse: "doutor, o Tesoureiro não entendeu o que é irmão germano e quer que tenha uma procuração onde seu Germano apareça, com letra maiúscula e sobrenome".
O advogado, Monsenhor Doutor Alberto Bragança de Azevedo, dirigiu-se ao funcionário, deu uma aula de Direito de Família e Direito Civil e concluiu com essa frase: "germano diz-se de ou cada um dos irmãos que procedem do mesmo pai e da mesma mãe. Tome nota e efetue o pagamento ou prepare-se para ir pagar ‘de baixo de vara’, no Gabinete do Doutor Juiz de Direito".
O pagamento foi imediato.
* * *
E.T. – Domingo último, 26/05, foi um dia especialíssimo para mim: há exatos 60 anos, ou seja, no dia 26 de maio de 1959, se casaram, na Paróquia São José, aqui em Aracaju, os meus pais, Raymundo de Paiva Mello e Eddie de Mattos Mello. Deo gratias!!! Parabéns, meu pai e minha mãe! Obrigado por tudo!
* Raymundo Mello é Memorialista
raymundopmello@yahoo.com.br

* Raymundo Mello

(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)

A página "Santo do Dia" (santo.cancaonova.com), da ‘Comunidade Católica Canção Nova’, apresenta hoje, 28/05, "São Germano, homem de oração e escuta". De lá, transcrevo, na íntegra, o pequeno texto sobre este santo, não tão conhecido entre nós:
"Seu nome quer dizer ‘irmão’. Nasceu em 378 na França. Foi muito cedo para os estudos e acabou estudando Direito em Roma. Mas, seu grande desejo, era o de viver o Santo Evangelho. E foi pautando a sua vida na Palavra do Senhor. Homem de oração e escuta, era dócil e pronto para renunciar a si mesmo e optar pelo querer de Deus. Germano foi visitado pela Divina Providência. Foi eleito governador da alta Itália mas, de repente, com a morte do Bispo em sua terra natal, o povo e o clero o escolheram Bispo. São Germano renunciou à sua vontade e quis a vontade de Deus para sua vida. Promoveu a vida monástica e a evangelização na França. Foi um apóstolo de Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo. Com o exemplo deste santo, aprendemos que precisamos viver como verdadeiros irmãos".
Pois bem! Ao deparar-me com o nome do santo, Germano, lembrei-me de um texto escrito por meu pai, o ‘Memorialista Raymundo Mello’, intitulado "Sobre Germanos", publicado aqui no ‘Jornal do Dia’ na edição de 21/03/2015. O artigo nada tem a ver com o santo, mas "vale a pena ler de novo".
Fala, Raymundo Mello!
– Conheci e conheço ainda alguns Germanos. Germano Valença, arquiteto de alto nível; Germano Matias, compositor/sambista paulistano; Claudionor Germano, cantor, compositor pernambucano e maior intérprete de frevos e canções; seu Germano, antigo cabeleireiro; Germano José, colega de Ginásio e muitos outros que não lembro agora.
Cada um com seu carisma, especialmente em suas atividades. Se entre eles, algum (uns) já não está (ão) vivo (s), valeu pela lembrança.
O doutor Germano Valença, conheci por intermédio de um dos meus patrões (eu disse conheci, não disse convivi), senhor Arnaldo Sobral. À época, anos cinquenta, doutor Germano exercia suas atividades com grande prestígio; seus projetos arquitetônicos seguiam a linha modernista da época, funcionais, leves, mas de grande aceitação e ideias de liberdade, especialmente na área residencial.
Ele não morava aqui. Tinha parentes (inclusive irmão) em Sergipe, porém, morava em Recife ou no Rio de Janeiro, não lembro bem. Só sei que ele era amigo do meu patrão e, de vez em quando, ia ao escritório da empresa, onde conversavam, e projetou uma casa para ele.
Pois bem! Essa casa diferente, que ainda existe, em uma esquina da avenida Ivo do Prado, realmente chamava atenção dos transeuntes; era simples, mas diferente dos padrões daquela época (zona nobre).
Uma tarde de sábado, comércio fechado mas a agência da Real aberta, todos em plena atividade, seu Arnaldo presente, surge na porta da frente do escritório (rua São Cristóvão), muito bem vestido em roupa branca bem cuidada, tragando charuto – segundo ele, Suerdieck -, o senhor Giordano Chagas, amigo dos patrões, que, de vez em quando, às tardes de sábado, aparecia para um papo, sábados sozinho e sábados acompanhado do jornalista/escritor Zózimo Lima (Variações em fá sustenido), seu colega de Correios e Telégrafos, amigos e ex-colegas do senhor Sobral, um dos três sócios da empresa.
Zózimo, com conversas mais suaves. Giordano, mais alegre, vibrante, irreverente até. Nesse sábado estava só, com seu charuto aceso. Da porta mesmo, viu o senhor Arnaldo Sobral e, antes de um "boa tarde", foi logo bradando: "Arnaldo, soube que aquela ‘arapuca pra pegar passarinho e outras aves maiores’ é você que está construindo naquela nesga de terra lá na ‘rua da frente’ olhando para o rio. Não acreditei, porque julgo que você tem bom gosto. É você mesmo, Arnaldo?".
E seu Arnaldo, calmamente: "é nossa, sim, Giordano, e você, parado no tempo e no espaço, disse tudo sem sentir. Ali, naquele terreno pequeno, em linhas modernas, o arquiteto Germano Valença, de grande prestígio nacional, projetou uma casa que tem tudo, em estilo funcional. Tudo o que tem em um imóvel grande, com simplicidade e conforto, tem naquele imóvel, pra você, pequeno, mas, para uma família como a minha, que você bem conhece – eu, a esposa e o meu cunhado, quando por aqui aparece -, ela é completa. E tem uma dependência para nossa servidora, melhor do que de muita ‘casa grande’ que tem por aí. Entendeu, Giordano?". E Giordano, bem sério: "Entendi e gostei de você me dar todas essas explicações. Faça bom proveito! Mas, pra mim, continua sendo uma ‘arapuca pra pegar passarinho’.
Mas o Germano que vou relatar a seguir é outro.
Certo dia, na repartição em que trabalhei por 30 anos, vi e ouvi um desentendimento no balcão. Um senhor, procuração em punho, estava ali para receber um pecúlio, determinado pelo poder judiciário em favor do beneficiário, que residia no Rio de Janeiro. O valor já havia sido liberado após seguir os trâmites legais, tutelado por seu advogado, que, segundo o procurador, foi quem redigiu a procuração; firmas reconhecidas em cartório e tudo mais.
Mas o funcionário negava-se a efetuar o pagamento porque o pecúlio estava estipulado para ser pago a "Fulano de Tal" e na procuração constava como beneficiário do pecúlio deixado para seu irmão "germano Fulano de Tal". Para ele, faltava a inclusão do nome completo do germano e ele ainda criticava que deram tão pouca importância ao senhor Germano que o nome dele saiu com letra minúscula e sem sobrenome. "Assim como está e sem a procuração do Germano, não efetuo o pagamento; e se mais adiante o Germano aparece por aqui e quer a parte dele, como fico?" – rechaçou o Tesoureiro.
O procurador resolveu voltar ao advogado e, ao invés de lhe pagar os honorários combinados, informou o que aconteceu. Este, então, aceitou acompanhar o interessado e, solenemente, apresentou-se à funcionária indicada pelo seu cliente. Aquela o atendeu e disse: "doutor, o Tesoureiro não entendeu o que é irmão germano e quer que tenha uma procuração onde seu Germano apareça, com letra maiúscula e sobrenome".
O advogado, Monsenhor Doutor Alberto Bragança de Azevedo, dirigiu-se ao funcionário, deu uma aula de Direito de Família e Direito Civil e concluiu com essa frase: "germano diz-se de ou cada um dos irmãos que procedem do mesmo pai e da mesma mãe. Tome nota e efetue o pagamento ou prepare-se para ir pagar ‘de baixo de vara’, no Gabinete do Doutor Juiz de Direito".
O pagamento foi imediato.
* * *
E.T. – Domingo último, 26/05, foi um dia especialíssimo para mim: há exatos 60 anos, ou seja, no dia 26 de maio de 1959, se casaram, na Paróquia São José, aqui em Aracaju, os meus pais, Raymundo de Paiva Mello e Eddie de Mattos Mello. Deo gratias!!! Parabéns, meu pai e minha mãe! Obrigado por tudo!

* Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br

 

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