Sábado, 18 De Janeiro De 2025
       
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SOBRE PANDEMIA, MÚSICOS E BARES


Publicado em 11 de agosto de 2021
Por Jornal Do Dia


 

* Antônia Amorosa 
O meu primeiro palco musical na con
dição de cantora contratada (por
que antes disto atuava como vocalista e atriz no Grupo Asa Branca criado por meu padrinho de coração, o saudoso Dr. Uéliton Mendes), ocorreu em um dos bares/restaurante mais famosos de Sergipe, isto, na década de 80, exatamente no ano de 1985, na Taberna do Tropeiro, localizada na Orla de Aracaju, em frente aos Arcos, no local onde hoje funciona um delivery de sanduiche sonoro. 
Cheguei em Aracaju com 17 anos,com carteira assinada em menos de um mês, recebendo dois salários mínimos e um cachê diário. A apresentação musical durava quatro horas em quatro dias da semana, sendo duas horas para cada artista – O palco se dividia entre esta escriba cantante e Adalvenon que formávamos o Grupo Corpo & Alma. Minha atuação girava em torno de oito horas semanais, dividido por duas horas/dia. Mesmo assim, passei dois anos e meio, nos intervalos, escrevendo meu primeiro livro -Voo Rasante que reúne mais de 500 pensamentos, onde tive uma motivação – ocupar minha mente para não aprender a beber álcool e fumar, não tendo nenhum vício até aos dias de hoje. Dividia este tempo com a travessia que eu fazia até a calçada da praia, antes da reforma, pedindo a Deus para que eu continuasse cantando, mas que me tirasse do ambiente de bares. E eu tive esta resposta de oração no ano de 1988 quando participei do Pixinguinha/Pixingão, quando do meu retorno do Rio de Janeiro, onde decidi montar minha própria banda para realizar shows em pequenas Cidades do interior sergipano. Foi assim que me popularizei em todo o Estado – empreendedorismo intuitivo. Saí da condição de empregada para empregadora. 
Passados mais de trinta anos não vislumbro evolução nos ambientes de bares e restaurantes de Aracaju. Poucos são os espaços que tenham a sensibilidade de entender que não se coloca um músico para tocar em qualquer canto, devendo lhe oferecer, ao menos, um praticável que simbolize um mínimo palco. Poucos são, também, os proprietários que devolvem ao músico o que lhe é de direito – o couvert artístico em sua totalidade. Com a criação da lei não obrigatória dos 10% anteriormente cobrado ao cliente e que devia ser destinado aos garçons, sabe-se na Cidade que alguns donos de bares/restaurantes, segundo denúncias em grupos virtuais, têm praticado, não de agora, o uso indevido do couvert que devia ser destinado a músicos, para pagamentos humilhantes a estes trabalhadores, ficando com a diferença para "outras despesas". Há denúncias onde há casos em que o lucro gira entre mil a três mil reais/dia, repassando para músicos valores que variam entre 100 e 300 reais para tocar durante três horas. Um absurdo que precisa ser investigado e resolvido. 
Ao mesmo tempo em que utilizam o recurso do músico para pagar suas despesas, os proprietários que desviam uma finalidade clara para o consumidor, viola também o direito deste. E este vício precisa ser investigado pelas autoridades competentes do nosso Estado. Ao mesmo tempo, deputados e vereadores devem, na condição de representantes do povo, estabelecer a criação de uma lei para que tais abusos não persistam em nosso meio. Afinal, quem se conforma com equívocos se torna cúmplice. 
Infelizmente alguns cidadãos parecem não entender que o setor da música foi frontalmente atingido durante a pandemia, ao ponto de alguns colegas, trabalhadores que amam seu labor, necessitarem do básico para sua sobrevivência, onde nem todos foram beneficiados pela Lei Aldir Blanc e, mesmo que tivessem sido, o que receberam, digo a maioria, ajudou-os a pagar despesas emergentes. 
O fato é que alguns cidadãos insensíveis, por não terem ideia do custo de um instrumento, manutenção, cuidados com a aparência (E, neste caso, as cantoras são as que mais investem!), é desprezar o talento, o serviço noturno, os riscos para a saúde porque atravessam a noite trabalhando, alguns deles sendo obrigados a tocar para vários artistas visando ganhar um pouco mais, comprometendo seu descanso, portanto, colocando em risco sua própria saúde e reduzindo tempo de lazer com suas famílias. Em tempos de festas, os músicos são privados da convivência familiar para divertir outras famílias. Pensem nisto, cidadãos do bem!
Urge um posicionamento oficial das autoridades! Urge uma repulsa coletiva dos cidadãos de bem que não aceitam tais abusos. Se a música não agrega valor ao ambiente, não pague por ela. Mas, a partir do momento que um artista é contratado para atuar em uma casa de entretenimento, conceda a este trabalhador, o seu devido e não afronte o direito do consumidor e o cumprimento da lei. 
Com a palavra, as autoridades! 
* Antônia Amorosa , Cantora, compositora, fundadora do MAIS – Movimento dos Artistas Independentes de Sergipe, Membro das Academias Itabaianense e Aracajuana de Letras

* Antônia Amorosa 

O meu primeiro palco musical na con dição de cantora contratada (por que antes disto atuava como vocalista e atriz no Grupo Asa Branca criado por meu padrinho de coração, o saudoso Dr. Uéliton Mendes), ocorreu em um dos bares/restaurante mais famosos de Sergipe, isto, na década de 80, exatamente no ano de 1985, na Taberna do Tropeiro, localizada na Orla de Aracaju, em frente aos Arcos, no local onde hoje funciona um delivery de sanduiche sonoro. 
Cheguei em Aracaju com 17 anos,com carteira assinada em menos de um mês, recebendo dois salários mínimos e um cachê diário. A apresentação musical durava quatro horas em quatro dias da semana, sendo duas horas para cada artista – O palco se dividia entre esta escriba cantante e Adalvenon que formávamos o Grupo Corpo & Alma. Minha atuação girava em torno de oito horas semanais, dividido por duas horas/dia. Mesmo assim, passei dois anos e meio, nos intervalos, escrevendo meu primeiro livro -Voo Rasante que reúne mais de 500 pensamentos, onde tive uma motivação – ocupar minha mente para não aprender a beber álcool e fumar, não tendo nenhum vício até aos dias de hoje. Dividia este tempo com a travessia que eu fazia até a calçada da praia, antes da reforma, pedindo a Deus para que eu continuasse cantando, mas que me tirasse do ambiente de bares. E eu tive esta resposta de oração no ano de 1988 quando participei do Pixinguinha/Pixingão, quando do meu retorno do Rio de Janeiro, onde decidi montar minha própria banda para realizar shows em pequenas Cidades do interior sergipano. Foi assim que me popularizei em todo o Estado – empreendedorismo intuitivo. Saí da condição de empregada para empregadora. 
Passados mais de trinta anos não vislumbro evolução nos ambientes de bares e restaurantes de Aracaju. Poucos são os espaços que tenham a sensibilidade de entender que não se coloca um músico para tocar em qualquer canto, devendo lhe oferecer, ao menos, um praticável que simbolize um mínimo palco. Poucos são, também, os proprietários que devolvem ao músico o que lhe é de direito – o couvert artístico em sua totalidade. Com a criação da lei não obrigatória dos 10% anteriormente cobrado ao cliente e que devia ser destinado aos garçons, sabe-se na Cidade que alguns donos de bares/restaurantes, segundo denúncias em grupos virtuais, têm praticado, não de agora, o uso indevido do couvert que devia ser destinado a músicos, para pagamentos humilhantes a estes trabalhadores, ficando com a diferença para "outras despesas". Há denúncias onde há casos em que o lucro gira entre mil a três mil reais/dia, repassando para músicos valores que variam entre 100 e 300 reais para tocar durante três horas. Um absurdo que precisa ser investigado e resolvido. 
Ao mesmo tempo em que utilizam o recurso do músico para pagar suas despesas, os proprietários que desviam uma finalidade clara para o consumidor, viola também o direito deste. E este vício precisa ser investigado pelas autoridades competentes do nosso Estado. Ao mesmo tempo, deputados e vereadores devem, na condição de representantes do povo, estabelecer a criação de uma lei para que tais abusos não persistam em nosso meio. Afinal, quem se conforma com equívocos se torna cúmplice. 
Infelizmente alguns cidadãos parecem não entender que o setor da música foi frontalmente atingido durante a pandemia, ao ponto de alguns colegas, trabalhadores que amam seu labor, necessitarem do básico para sua sobrevivência, onde nem todos foram beneficiados pela Lei Aldir Blanc e, mesmo que tivessem sido, o que receberam, digo a maioria, ajudou-os a pagar despesas emergentes. 
O fato é que alguns cidadãos insensíveis, por não terem ideia do custo de um instrumento, manutenção, cuidados com a aparência (E, neste caso, as cantoras são as que mais investem!), é desprezar o talento, o serviço noturno, os riscos para a saúde porque atravessam a noite trabalhando, alguns deles sendo obrigados a tocar para vários artistas visando ganhar um pouco mais, comprometendo seu descanso, portanto, colocando em risco sua própria saúde e reduzindo tempo de lazer com suas famílias. Em tempos de festas, os músicos são privados da convivência familiar para divertir outras famílias. Pensem nisto, cidadãos do bem!
Urge um posicionamento oficial das autoridades! Urge uma repulsa coletiva dos cidadãos de bem que não aceitam tais abusos. Se a música não agrega valor ao ambiente, não pague por ela. Mas, a partir do momento que um artista é contratado para atuar em uma casa de entretenimento, conceda a este trabalhador, o seu devido e não afronte o direito do consumidor e o cumprimento da lei. 
Com a palavra, as autoridades! 

* Antônia Amorosa , Cantora, compositora, fundadora do MAIS – Movimento dos Artistas Independentes de Sergipe, Membro das Academias Itabaianense e Aracajuana de Letras

 

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