Maria Franciele, a "Perigosa", é apresentada com os parceiros "André de Riachão" e "Manoel Cego"
Sobrinha teria esquartejado homem em Aquidabã
Publicado em 30 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
Morena, jovem, bonita e perigosa. Tão perigosa a ponto de incorporar essa característica ao seu apelido. Maria Franciele Silva, 19 anos, a "Perigosa", é apontada pela Polícia Civil como a principal responsável pelo assassinato do próprio tio, Wellington da Silva, 31 anos, o "Orelhinha", cujo corpo foi esquartejado e abandonado em um terreno baldio no Conjunto Eurico de Souza Filho, periferia do município. O crime foi descoberto no último dia 19 na madrugada de segunda-feira e chocou a população da cidade. Franciele foi presa na tarde de quarta-feira em Aquidabã, após a detenção de outros dois acusados de participarem do crime: Manoel Pereira dos Santos, 19, o "Manoel Cego" e Carlos André Brás dos Santos, 33, o "André de Riachão".
Segundo o delegado Antônio Wellington, responsável pela delegacia local, "Perigosa" é a principal traficante de drogas da cidade e matou Wellington porque ele falava publicamente sobre suas atividades no crime. "O tio dela era uma pessoa boa, não tinha nenhum antecedente criminal, nem estava envolvido. Só que ele era alcóolatra e, sempre que bebia, relatava a todos nos bares que a sobrinha fazia tráfico de drogas, abria o jogo sobre tudo o que ela fazia. E isso de certa forma importunava a Franciele, deixava-a irritada. Por conta dessa situação, pelo que foi apurado no inquérito, ela resolveu dar um fim no próprio tio", revelou Antônio.
A suspeita da polícia é de que o crime teria acontecido no dia 12 de agosto, quando "Orelhinha" saiu de sua casa, no Povoado Pau Alto, em Muribeca, e não foi mais visto. O delegado afirma que, naquele dia, a vítima pela última vez foi vista na companhia de André e depois foi para a casa da sobrinha, próxima ao local onde o corpo foi abandonado. Lá, aconteceu um encontro entre os envolvidos e, depois de uma discussão, atacou-o com uma facada no pescoço, matando-o na hora. "Ele foi conduzido à casa dela. E há uma testemunha que disse que notou um começo de confusão entre ela e o tio, no dia do desaparecimento. Nós não temos dúvida que ela é a autora", afirmou ele, após citar que, na casa dela, foram encontradas marcas de sangue nas paredes e uma cova rasa cavada no quintal.
Ainda segundo Antônio, "Perigosa" e um terceiro homem, que seria amante da acusada e ainda é procurado pela polícia, enterraram o corpo de "Orelhinha" no quintal e saíram da cidade no dia seguinte. Dias depois, ela decidiu se livrar do corpo, após saber que os vizinhos reclamavam de um forte mau cheiro exalado da casa. Para isso, contou com a ajuda de "Cego", "Riachão" e do amante. "Cego e Manoel eram ‘soldados do tráfico’ dela, eram responsáveis por distribuir a droga na cidade. Eles foram chamados para viabilizar o esquartejamento junto com ela. Eles alegam que desenterraram o corpo e ajudaram a segurar, mas o esquartejamento foi feito por ela mesma. Ela cortou a cabeça, depois retirou os braços, as pernas e os braços, e colocou tudo em dois sacos", relatou o policial.
Os sacos foram abandonados em um terreno baldio na madrugada do dia 19, quando moradores viram três homens em um carro de cor escura. Por encontrar-se em estado de decomposição, o corpo foi reconhecido por amigas de Wellington, através de pulseiras que ele usava. O delegado diz que um laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) apontou "precisão cirúrgica" nos cortes feitos no cadáver da vítima, pois nenhuma lesão foi encontrada na estrutura óssea. "A pessoa que fez isso tem uma extrema habilidade em desmembrar", disse Antônio, dizendo ainda que Franciele já era investigada pelo seu envolvimento no tráfico, pois foi denunciada em telefonemas ao Disque-Denúncia (181).
Versão – Ao ser apresentada ontem de manhã na Secretaria da Segurança Pública (SSP), junto com "Manoel Cego" e "André de Riachão", Franciele não quis falar sobre o assunto aos jornalistas, chegou a ficar nervosa e disse que só falaria por meio de seus advogados. No entanto, à polícia, ela alegou que o crime foi totalmente executado pelo amante e que ela não sabia que o corpo foi enterrado na casa dela. A versão não convenceu o delegado e nem foi confirmada pelos acusados, que disseram ter sido chamados para "fazer um serviço" na casa de "Perigosa" e admitiram ter desenterrado o corpo, esquartejado e queimado um colchão.