No rastro de Beyoncé.
Sucesso em dólar!
Publicado em 17 de novembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Indicada a uma das principais categorias do Grammy, Anitta confirma em alto e bom som, inglês impecável, a vocação para fazer dinheiro de rodo, em moeda brasileira e também em dólar, como prefere o Tio Sam. Concorrendo na categoria Artista Revelação, a brasileira segue, ainda que de longe, o rastro de Beyoncé – a mais lembrada pela indústria americana, pau a pau com o rapper Jay-Z.
Uma potência, o derriére de Anitta. Impossível não notar. Em fotos publicitárias, no palco, nas peças audiovisuais que dão corpo à carreira da artista, tudo é pensado para favorecer o seu melhor ângulo. “Há inteligência, ali”, ela garante. Ninguém com um pingo de juízo discordará do cálculo.
Eruditos de alto coturno certamente ficam escandalizados com o elogio aqui realizado, um filho bastardo da vulgaridade divulgada pela tal da grande imprensa. Eu os imagino a cofiar a barba hirsuta, a obra maior de Joyce à mão, intrigados com o exagero de palavras gastas com uma funkeira carioca, sem dar com fiapo de sentido. De fato, razão não há.
Anitta, contudo, está andando para a cultura letrada, metáforas, artigos de opinião. Rebola e fatura alto, projeta as curvas da raba bronzeada na laje sobre o mercado de música europeu, além do americano. A cantora colocou a bunda pra jogo, sim senhor, certa de seus objetivos. Mas jamais abdicou do tutano.
“Ao vencedor, as batatas”, brada um personagem cômico imaginado por Machado de Assis, uma pérola de cinismo. Pois Anitta alcançou o top 10 mundial. Sociólogos de araque certamente procuram no fenômeno uma afirmação de diversidade, celebram a grata manifestação da Cultura ignorada pelo fluxo de informação global. Pura groselha. Em verdade, a explicação para o “sucesso” é muito simples, fruto de muito planejamento. Sem voz para escalar os píncaros da glória, ela apelou para o marketing profissional.
Cá entre nós, estou velho demais para aderir às modas ditadas pelo Tik Tok, no embalo de coreografias e sucessos descartáveis. Não custa reconhecer, entretanto, o tino comercial de Anitta.
Te cuida, Beyoncé!