Quinta, 09 De Janeiro De 2025
       
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TAMBOR SOLEDADE


Publicado em 04 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia


 

Há 197 anos o Recôncavo baiano foi palco de poderosa resistência às tropas do general português Madeira de Melo, que persistiam retomar o Brasil, já emancipado em setembro do ano anterior
* Inocêncio Nóbrega 
Dois de Julho é uma data especial da nossa história. Há 197 anos o Recôncavo baiano foi palco de poderosa resistência às tropas do general português Madeira de Melo, que persistiam retomar o Brasil, já emancipado em setembro do ano anterior. Antes de seu epílogo, em Salvador, quando foram expulsas, definitivamente, sofremos várias escaramuças, pela soldadesca inimiga. Não estávamos para brincadeira, já na Assembleia Constituinte, o deputado Muniz Tavares (PE) propunha a retirada de qualquer elemento luso das hortas do governo Imperial, como forma de manter seu equilíbrio. Os ânimos continuavam exaltados no restante do país.
A Vila de Cachoeira (BA) tornava-se protagonista de enfrentamentos contra marujada, comandada pelo militar recalcitrante, que se queixava às Cortes, a falta de homens e mantimentos para nos enfrentarem. Sua Câmara proclama Pedro I nosso Defensor Perpétuo, por isso no dia 25 de junho de 1822, é alvo de bombardeiro de uma embarcação, estacionada no Rio Paraguaçu. A tensão aumenta, logo se improvisa uma reação de cachoeirenses, que se comprimem diante da Câmara, hoje Praça da Abolição. O soldado Soledade, pessoa de pele negra e comum do povo, portava um tambor, que através de toques orientava nossos patriotas, todavia foi atingido, mortalmente, por estilhaços de canhão.
Madre Joana Angélica é morta, pelos comandados do Madeira de Melo, numa invasão à Irmandade Nª Srª da Conceição da Lapa, em fevereiro de 1822; o episódio do Soledade, em Cachoeira; a notícia da morte do corneteiro Manoel Rufino, na Batalha de Campo Maior, Piauí (março/1823). Não dá mais para contemporizar. O Exército Pacificador, constando de gente da região e de todas as classes, beirando dez mil soldados, distribuída em várias Divisões, numa delas Maria Quitéria, e que já agira em Pirajá, estaria pronto para nova ação. E a faz, evidentemente, sob a ordens do comandante José Barros Falcão e as bênçãos do erro do corneteiro Luiz Lopes.
Apesar do difícil momento, a efeméride não foi esquecida. Foi comemorada sem o tradicional desfile de fanfarras; sem visitas ao "Monumento do Campo Grande", onde estão, em imagem, os construtores da Independência; nem comemorações nos bairros da capital baiana, como se fazia; sem cavaleiros nem clarins, mas com fachadas das casas decoradas. Um dia de protesto, contra os quem fingem patriotas, porém asfixia esse povo. Afinal, uma Guerra a um inimigo invisível, que já sepulta mais de 60 mil brasileiros, a Covid-19.  Nestes festejos Rui Costa, mais que Governador da Bahia, falava pela Nação, a perguntar por cada um daqueles heróis, de outras regiões também, a que respondiam, estamos no coração da nossa Pátria!
* Inocêncio Nóbrega, jornalista
inocnf@gmail.com

Há 197 anos o Recôncavo baiano foi palco de poderosa resistência às tropas do general português Madeira de Melo, que persistiam retomar o Brasil, já emancipado em setembro do ano anterior

* Inocêncio Nóbrega 

Dois de Julho é uma data especial da nossa história. Há 197 anos o Recôncavo baiano foi palco de poderosa resistência às tropas do general português Madeira de Melo, que persistiam retomar o Brasil, já emancipado em setembro do ano anterior. Antes de seu epílogo, em Salvador, quando foram expulsas, definitivamente, sofremos várias escaramuças, pela soldadesca inimiga. Não estávamos para brincadeira, já na Assembleia Constituinte, o deputado Muniz Tavares (PE) propunha a retirada de qualquer elemento luso das hortas do governo Imperial, como forma de manter seu equilíbrio. Os ânimos continuavam exaltados no restante do país.
A Vila de Cachoeira (BA) tornava-se protagonista de enfrentamentos contra marujada, comandada pelo militar recalcitrante, que se queixava às Cortes, a falta de homens e mantimentos para nos enfrentarem. Sua Câmara proclama Pedro I nosso Defensor Perpétuo, por isso no dia 25 de junho de 1822, é alvo de bombardeiro de uma embarcação, estacionada no Rio Paraguaçu. A tensão aumenta, logo se improvisa uma reação de cachoeirenses, que se comprimem diante da Câmara, hoje Praça da Abolição. O soldado Soledade, pessoa de pele negra e comum do povo, portava um tambor, que através de toques orientava nossos patriotas, todavia foi atingido, mortalmente, por estilhaços de canhão.
Madre Joana Angélica é morta, pelos comandados do Madeira de Melo, numa invasão à Irmandade Nª Srª da Conceição da Lapa, em fevereiro de 1822; o episódio do Soledade, em Cachoeira; a notícia da morte do corneteiro Manoel Rufino, na Batalha de Campo Maior, Piauí (março/1823). Não dá mais para contemporizar. O Exército Pacificador, constando de gente da região e de todas as classes, beirando dez mil soldados, distribuída em várias Divisões, numa delas Maria Quitéria, e que já agira em Pirajá, estaria pronto para nova ação. E a faz, evidentemente, sob a ordens do comandante José Barros Falcão e as bênçãos do erro do corneteiro Luiz Lopes.
Apesar do difícil momento, a efeméride não foi esquecida. Foi comemorada sem o tradicional desfile de fanfarras; sem visitas ao "Monumento do Campo Grande", onde estão, em imagem, os construtores da Independência; nem comemorações nos bairros da capital baiana, como se fazia; sem cavaleiros nem clarins, mas com fachadas das casas decoradas. Um dia de protesto, contra os quem fingem patriotas, porém asfixia esse povo. Afinal, uma Guerra a um inimigo invisível, que já sepulta mais de 60 mil brasileiros, a Covid-19.  Nestes festejos Rui Costa, mais que Governador da Bahia, falava pela Nação, a perguntar por cada um daqueles heróis, de outras regiões também, a que respondiam, estamos no coração da nossa Pátria!

* Inocêncio Nóbrega, jornalistainocnf@gmail.com

 

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