Taxistas protestam contra legalização de clandestinos

Milton Alves Júnior

De volta aos trabalhos legislativos após o recesso administrativo, vereadores de Aracaju foram surpreendidos com a primeira mobilização unificada de taxistas bandeirinhas. Reunidos em frente à Câmara Municipal de Aracaju, a classe trabalhadora segue reivindicando o arquivamento imediato da lei orgânica, que regulamenta o serviço de táxis lotação para a zona sul da capital. Segundo avaliação apresentada pelos profissionais, paralelo aos aplicativos alternativos de transporte de pessoas, a proliferação de motoristas sem alvará concedido pela Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), tem contribuído para agravar as dificuldades da categoria.

Para a direção do Sindicato dos Taxistas do Estado de Sergipe (Sintax), é inadmissível que ações dessa natureza sejam criadas e apreciadas em sessões plenárias sem possuir um constante diálogo com representantes da classe. De autoria do vereador Bigode do Santa Maria (PMDB), a lei orgânica segue em tramitação na CMA, e, caso seja aprovada pela maioria, segue para sanção, ou não, do prefeito Edvaldo Nogueira. Além da questionável concorrência apontada pela categoria como desleal, os manifestantes legalizados ressaltaram que a não emissão de encargos municipais, por exemplo, contribui para que o serviço clandestino siga se multiplicando em Aracaju.

Ao Jornal do Dia o taxista João Evangelista dos Santos parabenizou a iniciativa do sindicato em promover um ato público já no reinício dos trabalhos no parlamento municipal. "Em hipótese alguma podemos aceitar que esse tipo de lei, a qual ajuda a fortalecer o serviço clandestino, seja criado, discutido e quem sabe até aprovado. Não podemos aceitar que os representantes do povo deem as costas para aqueles profissionais que trabalham, respeitando as leis, e aprove medidas favoráveis aos clandestinos", declarou. A proposta do Sintax é convencer os vereadores de que a propositura é prejudicial.

Disposto a lutar contra a ampliação do serviço alternativo nos bairros da Zona de Expansão, bem como à proposta do vereador Bigode, a direção do Sintax/SE pretende provocar o Ministério Público Estadual e do Trabalho para que apresentem parecer favorável à categoria. Os dois órgãos citados pelo sindicato não se manifestaram sobre o assunto. Desde o primeiro semestre de 2013 a frota de táxi de Aracaju é três vezes maior do que a exigida por lei. Segundo contabilidade apresentada pela SMTT, a perspectiva é que atualmente o número de veículos realizando o transporte de pessoas sem a devida autorização do órgão fiscalizador ultrapassa a casa dos 2.500 automóveis.