Quinta, 09 De Janeiro De 2025
       
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TEMPOS DE GUERRA E FEBRE II


Publicado em 20 de junho de 2020
Por Jornal Do Dia


 

* Acrísio Gonçalves de Oliveira
Na cidade, logo no começo do ano 1918 houve cinco casos fatais. Porém, pelo que pudemos notar o impaludismo já vinha matando esporadicamente em anos anteriores, de modo que a concentração dessas mortes serviu de alerta para o município chamar a atenção do governo do Estado no sentido de se montar uma comissão de higiene. Era o General Valadão o Presidente. 
Após constituir-se a referida comissão, para Estância o delegado de higiene escolhido foi o doutor Jessé Fontes. O Diretor Geral de Higiene, Dr. Otaviano Melo, em resposta sugeriu fazer "observação médica e isolamento" aos casos idênticos. Enquanto a resposta era recebida via telegrama, no final da semana já tinha se dado mais dois óbitos.
Vale ressaltar que o telegrama era a comunicação mais eficiente da época, pois embora já existisse o telefone não havia companhia telefônica que cobrisse todo território nacional, cumprindo o telégrafo importante papel entre as pessoas e entre os órgãos públicos. Salientamos também que o telégrafo nacional chegou a Sergipe no ano de 1874, sendo primeiro em Aracaju e depois em Estância, nesse mesmo ano.
Tendo-se estruturado a dita comissão de higiene no sentido de frear o avanço da epidemia, no mês que se findou, segundo o relatório da mesma, foi desinfectado o mercado público, cadeia, fábricas, padarias, cocheiras como também as casas que se deram os mais de vinte casos. Com o intuito de deixar informada a população Jessé Fontes mandou "imprimir 500 boletins em linguagem clara e simples aconselhando ao povo medidas de proteção contra as febres". Ao todo, no mês de fevereiro, foram constatadas seis mortes. Os sanitaristas levaram ao cemitério os corpos com os devidos cuidados higiênicos que os casos requeriam,e foram enterrados com uma solução antisséptica. Entendiam, tanto o governo municipal quanto o governo estadual – por causa de alguns dias sem ocorrência – que a doença tinha sido eliminada e a comissão se desfez. 
Nesse mesmo mês estava se dando as tratativas para a construção da estrada de rodagem Estância-Salgado, a primeira de Sergipe. Mas para isso era preciso fundar a companhia Auto Aviação Sergipana que teria sede em Estância. Mais adiante voltaremos a nos referir a essa estrada, onde os trabalhadores sofreriam por causa de outra crise de saúde pública.   
Por enquanto o impaludismo seguiria sua marcha. Mal a comissão estadual tinha sido desfeita, a qual em Estância tinha passado mais de vinte dias, em abril,cerca de30 casos foram detectados,segundo informações do próprio Jessé Fontes. Esses casos apareceram mais densamente na Rua do Areal e na Rua da Palha (que era uma rua estanciana). Felizmente, o Intendente do Município Francisco José Martins fornecia as mínimas condições materiais e remédio para o referido médico atuar.
A febre abatia os pobres e indigentes. Com objetivo de atacar a moléstia foi solicitado por Jessé Fontes sais de quinina para combater as manifestações da doença. No entanto, teve negativa por parte da Diretoria de Higiene do Estado que só disponibilizaria a referida substância em "grandes epidemias", orientando que pedisse ajuda ao próprio município.
A falta de ajuda estadual fez o impaludismo se espalhar fortemente pela cidade. Além de aparecer em muitas ruas da periferia, a população do centro urbano não deixou de sofrer. O número total de infectados elevou-se a 77, sendo destes,4 casos fatais. De acordo com os dados apurados, 60 pessoas foram recuperadas. A rua mais afetada foi a do Areal por ser mais vizinha do rio Piauí. A dita rua, cujas margens baixas e cobertas de vegetação "conservam águas estagnadas, onde os mosquitos infectantes proliferam e, depois, à noite, se espalham pelas casas vizinhas, inoculando o hematozoário, gérmen do impaludismo, com as suas picadas".Talvez com o objetivo de evitar pânico dizia a imprensa que os casos do impaludismo estavam rareando.
Todavia, no relatório apresentado em julho, quando contabilizados os meses de abril, maio e junho deram-se 170 casos da febre, o que o próprio delegado de higiene não tinha a precisa certeza do total de infectados, porque outros "salvaram-se com o uso de quinina". Os casos atingiram a área urbana e suburbana da cidade, tendo falecido mais5 pessoas. Os pobres tiveram ajuda da Intendência, pois não fosse isso seria quase impossível de eles comprarem os tais "sais de quinina", já que "o precioso remédio, cujo custo, devido à guerra subiu quase a 500% acima do que era antes dela", relatou o médico Jessé Fontes, em 1º de julho de 1918.Dessa vez as ruas mais atacadas, além da costumeira Areal, foram a Rua das Alagoas e o Porto d’Areia. Passando a cidade por um inverno rigoroso temia-se que os casos voltassem a ocorrer devido à enchente dos rios.
* Acrísio Gonçalves de Oliveira, pesquisador, radialista, Professor do Estado e da Rede Pública de Estância

* Acrísio Gonçalves de Oliveira

Na cidade, logo no começo do ano 1918 houve cinco casos fatais. Porém, pelo que pudemos notar o impaludismo já vinha matando esporadicamente em anos anteriores, de modo que a concentração dessas mortes serviu de alerta para o município chamar a atenção do governo do Estado no sentido de se montar uma comissão de higiene. Era o General Valadão o Presidente. 
Após constituir-se a referida comissão, para Estância o delegado de higiene escolhido foi o doutor Jessé Fontes. O Diretor Geral de Higiene, Dr. Otaviano Melo, em resposta sugeriu fazer "observação médica e isolamento" aos casos idênticos. Enquanto a resposta era recebida via telegrama, no final da semana já tinha se dado mais dois óbitos.
Vale ressaltar que o telegrama era a comunicação mais eficiente da época, pois embora já existisse o telefone não havia companhia telefônica que cobrisse todo território nacional, cumprindo o telégrafo importante papel entre as pessoas e entre os órgãos públicos. Salientamos também que o telégrafo nacional chegou a Sergipe no ano de 1874, sendo primeiro em Aracaju e depois em Estância, nesse mesmo ano.
Tendo-se estruturado a dita comissão de higiene no sentido de frear o avanço da epidemia, no mês que se findou, segundo o relatório da mesma, foi desinfectado o mercado público, cadeia, fábricas, padarias, cocheiras como também as casas que se deram os mais de vinte casos. Com o intuito de deixar informada a população Jessé Fontes mandou "imprimir 500 boletins em linguagem clara e simples aconselhando ao povo medidas de proteção contra as febres". Ao todo, no mês de fevereiro, foram constatadas seis mortes. Os sanitaristas levaram ao cemitério os corpos com os devidos cuidados higiênicos que os casos requeriam,e foram enterrados com uma solução antisséptica. Entendiam, tanto o governo municipal quanto o governo estadual – por causa de alguns dias sem ocorrência – que a doença tinha sido eliminada e a comissão se desfez. 
Nesse mesmo mês estava se dando as tratativas para a construção da estrada de rodagem Estância-Salgado, a primeira de Sergipe. Mas para isso era preciso fundar a companhia Auto Aviação Sergipana que teria sede em Estância. Mais adiante voltaremos a nos referir a essa estrada, onde os trabalhadores sofreriam por causa de outra crise de saúde pública.   
Por enquanto o impaludismo seguiria sua marcha. Mal a comissão estadual tinha sido desfeita, a qual em Estância tinha passado mais de vinte dias, em abril,cerca de30 casos foram detectados,segundo informações do próprio Jessé Fontes. Esses casos apareceram mais densamente na Rua do Areal e na Rua da Palha (que era uma rua estanciana). Felizmente, o Intendente do Município Francisco José Martins fornecia as mínimas condições materiais e remédio para o referido médico atuar.
A febre abatia os pobres e indigentes. Com objetivo de atacar a moléstia foi solicitado por Jessé Fontes sais de quinina para combater as manifestações da doença. No entanto, teve negativa por parte da Diretoria de Higiene do Estado que só disponibilizaria a referida substância em "grandes epidemias", orientando que pedisse ajuda ao próprio município.
A falta de ajuda estadual fez o impaludismo se espalhar fortemente pela cidade. Além de aparecer em muitas ruas da periferia, a população do centro urbano não deixou de sofrer. O número total de infectados elevou-se a 77, sendo destes,4 casos fatais. De acordo com os dados apurados, 60 pessoas foram recuperadas. A rua mais afetada foi a do Areal por ser mais vizinha do rio Piauí. A dita rua, cujas margens baixas e cobertas de vegetação "conservam águas estagnadas, onde os mosquitos infectantes proliferam e, depois, à noite, se espalham pelas casas vizinhas, inoculando o hematozoário, gérmen do impaludismo, com as suas picadas".Talvez com o objetivo de evitar pânico dizia a imprensa que os casos do impaludismo estavam rareando.
Todavia, no relatório apresentado em julho, quando contabilizados os meses de abril, maio e junho deram-se 170 casos da febre, o que o próprio delegado de higiene não tinha a precisa certeza do total de infectados, porque outros "salvaram-se com o uso de quinina". Os casos atingiram a área urbana e suburbana da cidade, tendo falecido mais5 pessoas. Os pobres tiveram ajuda da Intendência, pois não fosse isso seria quase impossível de eles comprarem os tais "sais de quinina", já que "o precioso remédio, cujo custo, devido à guerra subiu quase a 500% acima do que era antes dela", relatou o médico Jessé Fontes, em 1º de julho de 1918.Dessa vez as ruas mais atacadas, além da costumeira Areal, foram a Rua das Alagoas e o Porto d’Areia. Passando a cidade por um inverno rigoroso temia-se que os casos voltassem a ocorrer devido à enchente dos rios.

* Acrísio Gonçalves de Oliveira, pesquisador, radialista, Professor do Estado e da Rede Pública de Estância

 

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