O acordo foi fechado em reunião no Tribunal de Justiça
TJSE vai fazer audiências de custódias no interior
Publicado em 11 de fevereiro de 2020
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
Uma nova reunião ocorrida ontem en tre o Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) e a Secretaria da Segurança Pública (SSP) chegou a novas definições sobre as audiências de custódia que serão realizadas sob a vigência da Lei Anticrime e da Lei de Abuso de Autoridade, as quais determinam que, em até 24 horas, os presos em flagrante sejam apresentados em juízo e passem pelas chamadas audiências de custódia. Ficou decidido que, a partir do dia 9 de março, tais audiências serão realizadas também nas cidades de Estância, Itabaiana e Tobias Barreto. Outra medida será a implantação um projeto experimental de audiências por videoconferência, tendo como cidade-polo o município de Nossa Senhora da Glória.
Tais medidas foram discutidas na audiência do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), que reúne todas as instituições participantes do sistema de Justiça Criminal em Sergipe. O objetivo será descentralizar as audiências que estão concentradas atualmente na Central de Plantão Judiciário (Ceplan), que fica do Fórum Gumercindo Bessa, em Aracaju, obedecendo a uma resolução baixada em 24 de janeiro pela presidência do TJSE. Durante o fim de semana que se seguiu à publicação da norma, as prisões em flagrante de todo o estado foram centralizadas na Central de Flagrantes da Polícia Civil, em Aracaju, o que gerou problemas para as equipes policiais do interior e levou o TJSE e a SSP a reavaliarem tal decisão.
Na reunião de ontem, presidida pelo desembargador Diógenes Barreto, supervisor do GMF, os representantes dos órgãos debateram e avaliaram o monitoramento das audiências de custódias que foram demandadas entre os dias 31 de janeiro e 9 de fevereiro. "Todos os presos hoje no Estado passam por uma audiência de custódia. Inicialmente foram centralizadas em Aracaju, para que, assim, pudéssemos discutir com os órgãos parceiros a melhor forma de implementar e atender também aos flagrantes nos municípios do interior. Já colhemos dados com algumas experiências e a ideia agora é descentralizar e no prazo de 60 dias observar o funcionamento das audiências de custódia em determinadas regiões do Estado", explicou Diógenes.
Segundo o TJSE, o objetivo das medidas é equacionar a melhor estrutura para o atendimento a todos os flagrantes em Sergipe. Por sua parte, a Polícia Civil assegurou que a norma da lei será cumprida da melhor maneira possível, adequando as rotinas de trabalho do atual efetivo. "A realização das audiências de custódia é uma realidade e devemos cumprir, uma vez que decorre de lei e o Tribunal de Justiça, como sempre, apresenta-se como um parceiro da Segurança Pública, com esmero, procurando alternativas para que possamos cumprir o que a lei determina, mas de uma forma menos prejudicial às instituições. Sabemos que tudo que é novo gera uma expectativa e também dificuldades, e por isso estamos fazendo tratativas e adaptações para encontrarmos em breve uma solução definitiva", avaliou a delegada-geral de Polícia, Katarina Feitosa.
O defensor público Ermelino Cerqueira, representante da Defensoria Pública, tem acompanhado as reuniões do GMF e destacou a forma democrática como o Poder Judiciário tem discutido o formato das audiências de custódia com todos os órgãos do Sistema de Justiça, a fim de cumprir a Lei Anticrime. "O Tribunal de Justiça mantém uma tradição muito democrática de sempre, desde o início das audiências de custódias, ouvir todos os integrantes do Sistema de Justiça estadual e esse é um dos motivos principais do sucesso e da efetividade das audiências. Mais uma vez, com a alteração legislativa que impõe realmente as audiências de custódias, o Tribunal vem nessa mesma linha de raciocínio, buscando das instituições proposições, a fim de aprimorar o modelo das audiências de custódias e realizá-las da maneira mais efetiva possível", ponderou o defensor.
Participaram também da reunião a Procuradoria Geral do Estado (PGE), a Associação dos Magistrados de Sergipe (Amase), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Comando da Polícia Militar.