Sábado, 30 De Novembro De 2024
       
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Todo ouvidos


Publicado em 24 de março de 2020
Por Jornal Do Dia


Conversa de gente grande

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
A conversa entre mú
sicos tende a um 
formalismo maçante. Versados em uma linguagem muito específica, pontuada por símbolos e sinais, compositores e instrumentistas se entendem por meio de um vocabulário estranho, essencialmente matemático. Artistas como Fred Andrade, mais atento às sugestões emotivas de uma melodia do que ao valor objetivo das notas apontadas em pauta, constituem uma notável exceção à regra.
O depoimento de fé na magia da música dá o tom no papo entre dois pesos pesados da guitarra brazuca, já disponível no Youtube. No programa Um café lá em casa, do Canal Brasil, Fred conta a Nelson Faria do desprezo pelas convenções da notação musical, como a dizer "sou todo ouvidos".
Mais preocupado em contar as próprias histórias do que em sustentar qualquer argumento, Fred fala muito, mas se afirma mesmo é de modo sensível.Em três números autorais, ele faz valer a alegada intimidade com as musas.
‘Estórias do fuscão’,um mimo de balanço com o acento de Pernambuco, abre o programa, com o acompanhamento sempre elegante do amigo; ‘Música feia’, de uma beleza desconcertante, amparada em dissonâncias, dá continuidade ao roteiro com um suspiro plangente; ‘Febre do rato’, com novo acompanhamento de Nelson Faria, transforma o xaxado em um tour de force entre anfitrião e convidado, aberto a toda sorte de improvisos. Fechando o programa, Fred ainda insinua ‘Maracatu bonito’, dedicado à senhora sua mãe.
São três (ou quatro, considerado o tema incidental) trabalhos emblemáticos de um compositor contemporâneo, nascido e criado em Pernambuco, ora radicado em Sergipe. Um guitarrista atraído para a música pelos riffs do Black Sabbath, instruído nas palhetadas certeiras do Jazz, com sensibilidade para pegar o fio da meada e transportar para  o próprio instrumento o impressionismo de Debussy e Ravel. Sempre a música, independente de escolas e gêneros. Pouco importa se aprisionada em um pedaço de papel.

Rian Santos

A conversa entre mú sicos tende a um  formalismo maçante. Versados em uma linguagem muito específica, pontuada por símbolos e sinais, compositores e instrumentistas se entendem por meio de um vocabulário estranho, essencialmente matemático. Artistas como Fred Andrade, mais atento às sugestões emotivas de uma melodia do que ao valor objetivo das notas apontadas em pauta, constituem uma notável exceção à regra.
O depoimento de fé na magia da música dá o tom no papo entre dois pesos pesados da guitarra brazuca, já disponível no Youtube. No programa Um café lá em casa, do Canal Brasil, Fred conta a Nelson Faria do desprezo pelas convenções da notação musical, como a dizer "sou todo ouvidos".
Mais preocupado em contar as próprias histórias do que em sustentar qualquer argumento, Fred fala muito, mas se afirma mesmo é de modo sensível.Em três números autorais, ele faz valer a alegada intimidade com as musas.
‘Estórias do fuscão’,um mimo de balanço com o acento de Pernambuco, abre o programa, com o acompanhamento sempre elegante do amigo; ‘Música feia’, de uma beleza desconcertante, amparada em dissonâncias, dá continuidade ao roteiro com um suspiro plangente; ‘Febre do rato’, com novo acompanhamento de Nelson Faria, transforma o xaxado em um tour de force entre anfitrião e convidado, aberto a toda sorte de improvisos. Fechando o programa, Fred ainda insinua ‘Maracatu bonito’, dedicado à senhora sua mãe.
São três (ou quatro, considerado o tema incidental) trabalhos emblemáticos de um compositor contemporâneo, nascido e criado em Pernambuco, ora radicado em Sergipe. Um guitarrista atraído para a música pelos riffs do Black Sabbath, instruído nas palhetadas certeiras do Jazz, com sensibilidade para pegar o fio da meada e transportar para  o próprio instrumento o impressionismo de Debussy e Ravel. Sempre a música, independente de escolas e gêneros. Pouco importa se aprisionada em um pedaço de papel.

 

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