Sexta, 14 De Fevereiro De 2025
       
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Traficante monitorava rua para fugir de ação policial


Publicado em 15 de junho de 2013
Por Jornal Do Dia


A central vigiava as ruas de acesso à casa do traficante, em São Cristóvão

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Uma espécie de "Big Brother" do tráfico foi descoberta em uma operação da Polícia Civil no Alto da Divinéia, em São Cristóvão (Grande Aracaju). Eram câmeras que foram colocadas de ao longo de algumas ruas que dão acesso a um ponto de venda de drogas que funcionava na comunidade. De acordo com investigações do Departamento de Narcóticos (Denarc), essas câmeras estavam ligadas à casa do ex-presidiário Ednilson Bezerra da Silva, o "Nicinho", 32 anos que foi preso quinta-feira no Hospital São José, no Santo Antônio (zona norte de Aracaju), onde estava internado. Apontado como um dos chefes do tráfico no Alto da Divinéia, ele era investigado há pelo menos dois meses, quando o Denarc recebeu informações anônimas repassadas ao Disque-Denúncia (181).
"Nicinho" havia sido internado no São José porque, há três meses, foi baleado em um confronto com traficantes rivais. Mesmo doente, ele não deixava de comandar o seu negócio, como afirma a polícia. "Ele estava convalescendo do ferimento, mas comandava toda a quadrilha de dentro do hospital, passando ordens através das visitas, para pessoas que eram ligadas a ele e o auxiliavam na atividade criminosa", explicou o delegado Fábio Pereira, do Denarc. O acusado recebeu voz de prisão em seu quarto e foi transferido para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), onde continua internado sob custódia. Após receber alta, ele deve ser transferido para um presídio.

A ação contra "Nicinho" foi desfechada quando os agentes do Denarc localizaram o local onde ele guardava as drogas que vendia. Era a casa da cunhada dele, Jacirane Santos Prata, 22, que foi presa junto com a mãe, Gersanete Santos Prata, 53, com ela, foram encontrados seis quilos de maconha, 600 gramas de crack e 200 gramas de cocaína. "Dificilmente ele guardava a droga na casa dele. A investigação durou mais do que o previsto porque a gente tinha que identificar onde ele guardava a droga. Ele recebia esse entorpecente, guardava nas residências de mulheres, senhoras de idades e pessoas que não levantavam suspeitas, pegava só a parte que ele iria vender e a revendia aos traficantes que o auxiliavam no varejo", disse o delegado.

A polícia apurou ainda que as moradoras aceitavam guardar a droga em troca de dinheiro e eletrodomésticos. Além delas, foram identificados proprietários de outras casas que foram convencidas pela quadrilha a instalar as câmeras de monitoramento. Este circuito interno, também situado em postes, fornecia imagens da rua de acesso à casa de "Nicinho", postada em um local de difícil acesso, de onde ele monitorava a chegada de policiais, viciados e traficantes rivais. "Eles tinham uma visão privilegiada, pois monitoravam toda a rua e poderiam antecipar ações antes da chegada da polícia. Nós localizamos essas câmeras nas casas de pessoas que o auxiliavam e a central foi encontrada na casa dele", salientou Fábio.

Na mesma residência, o Denarc apreendeu uma caminhonete Nissan Frontier, duas motos e objetos furtados ou roubados que foram trocados por drogas. Entre eles, estão equipamentos de informática levados durante um arrombamento na Secretaria Municipal de Cultura de São Cristóvão. "Isso confirma a informação de que ele estimulava os usuários e traficantes menores a fazerem furtos na cidade e trocar com ele por drogas.

Eram materiais de mercadinhos, eletrodomésticos, esses computadores e outros objetos", acrescenta o delegado, ao dizer que a quadrilha tinha um alto poder aquisitivo. Os policiais fizeram ainda uma descoberta curiosa: uma coleção de DVD’s com arquivos de reportagens sobre prisões de "Nicinho" e de outros comparsas.

O delegado do Denarc ressaltou que a população colaborou muito com as prisões, repassando informações ao Disque-Denúncia e aos investigadores que trabalharam no caso. Agora, o objetivo é prender as outras pessoas que colaboravam direta ou indiretamente com o esquema de Ednilson. "Elas vão ser indiciadas por associação ao tráfico. Muitas já foram identificadas e, ao curso do inquérito, pretendemos fazer suas prisões", garantiu.

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