Transexual foi morta pelo próprio companheiro, diz polícia
Publicado em 19 de maio de 2018
Por Jornal Do Dia
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apresentou em coletiva realizada na manhã de ontem, os detalhes da investigação que resultou na prisão de Marcos Paulo dos Santos, 28 anos, acusado pelo assassinato da transexual Millany Spencer, 23 anos, que foi encontrada morta em 15 de abril na própria casa, no loteamento Mariana, em Nossa Senhora do Socorro (Grande Aracaju). Segundo a delegada Maria Zulnária Soares, do DHPP, o relatório de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia mecânica ou sufocamentocomo causa da morte. "A partir do registro do caso, ouvimos pessoas próximas e Marcos Paulo era uma delas. Durante as oitivas, sempre retornávamos a ouvi-lo e ele começou a cair em contradição, foi quando solicitamos a prisão temporária dele", diz Maria Zulnária.
Ela explicou ainda que ouviu um amigo do acusado, conhecido como Júnior, que teria levado Marcos Paulo até a casa da namorada, e também representou pela prisão temporária dele. Logo após a prisão de Júnior, Marcos Paulo confessou que não tinha saído de casa naquela sexta-feira, 13 de abril, como havia dito antes. "Segundo ele, ao chegar em casa e perceber que a companheira não estava, ele foi até uma seresta próxima para buscá-la. Eles discutiram e ele deu um empurrão nela, que, segundo ele não resultou em nada, versão que contraria o laudo médico. Ele relata ainda que entrou no banho e, ao sair, deparou-se com a vítima se debatendo em crise convulsiva e não conseguiu reanimá-la. Pensando que se tratava de uma artimanha para que ele não saísse de casa, Marcos Paulo foi embora com Júnior e a deixou lá", explicou a delegada.
Zulnária disse ainda que Júnior não teve participação no homicídio, mas foi indiciado por favorecimento pessoal, já que ele não fez nada para que a polícia soubesse do crime. Marcos Paulo dos Santos já havia sido preso pelo crime de roubo no município de Itaporanga D’ Ajuda. Ele foi indiciado por homicídio qualificado e feminicídio, diante da relação que mantinha com a vítima na condição de transexual; e encontra-se preso.
A delegada responsável pelo caso afirmou ainda que Milane era vítima constante de violência doméstica e já havia chegado a ficar internada na ala vermelha do Hospital de Urgência de Sergipe por conta da gravidade das agressões. Familiares e vizinhos comprovam essas agressões, mas ela nunca havia registrado qualquer tipo de boletim de ocorrência relatando o caso. "Se ela tivesse denunciado, talvez a história tivesse um desfecho diferente do que teve.", alertou.