Transplantes de órgãos estão suspensos em Sergipe
Publicado em 17 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
As duas equipes sergipanas que faziam transplante pediram descredenciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a lista de espera já chega a 300 pessoas. A situação foi denunciada ontem, 16, no programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo.
Os transplantes de rim estão suspensos, em todo o Estado, desde fevereiro. O problema maior não é a dificuldade em conseguir doadores. Segundo os médicos, o que falta mesmo é estrutura nos hospitais. Uma das principais queixas é a realização dos exames que avaliam se o paciente tem condições de receber o novo órgão. Como são feitos apenas na rede pública, a dificuldade e a demora atrapalham todo o processo.
"Seis meses para preparar um paciente, quando na verdade em 15 dias você poderia ter esse preparo. E a gente não pode deixar isso continuar. Isso aí coloca em risco a minha atuação como transplantador, coloca em risco a sobrevivência do enxerto de quem recebeu", afirma o nefrologista Manoel Pacheco.
Sem prazo – A Secretaria de Saúde de Sergipe diz que vai resolver, mas ainda não tem prazo. "Nós não temos como dizer que vai ser 30, 60, 90 dias, por que não depende exclusivamente da gente. O Estado identificou as suas obrigações e está fazendo com que essas obrigações da Secretaria de Estado sejam cumpridas. As obrigações que decorrem do ente que não seja o estado, do ente municipal, nós já chamamos para fazer a pactuação e o que for necessário também do ente federal nós já fizemos", explica o diretor de gestão de sistema da SES, Hélio Farias Menezes.
O coordenador da Central de Transplantes, Benedito Fernandez, informou que existem 372 pessoas na fila de espera, algumas aguardam córneas e outras rim. A expectativa é zerar a fila de córnea ainda esse ano. No caso do transplante renal existem dificuldades da rede que disponibiliza exames.
Existe ainda dificuldade na identificação do potencial doador, na realização do protocolo e no consentimento familiar. "Nós estamos hoje estruturando a questão do transplante, para começar a realização de campanhas de sensibilização para a sociedade e o profissional de saúde, no sentido de identificar esse potencial doador", explica Fernandez.
Hélio Farias diz que a instituição está detectando os problemas que são de responsabilidade da secretaria e entrando em pacto com os municípios que realizam os exames preliminares para fazer uma parceria, a fim de que esses exames tenham agilidade como os procedimentos requerem.
Ele conta ainda que o Ministério da Saúde paga um valor em todo Brasil e, em Sergipe, há algumas características solicitadas que não é regra em outros lugares. "Precisamos saber qual a proposta para tentarmos viabilizar se é possível atender essas exigências que as equipes fazem".
Sobre o descredenciamento, ele disse que a Secretaria de Saúde está trabalhando para sensibilizar que uma das equipes retornem e que já está trabalhando para captação de profissionais para formação de outras equipes.