Trem da alegria
Publicado em 11 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Até agora, o governo do estado já emprega três mil servidores em cargos comissionados
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Não é sempre que os deputados eleitos fazem uso de suas prerrogativas, a fim de impor limites razoáveis às pretensões do governador de plantão. Mais das vezes, a Assembleia Legislativa atua como uma espécie de sucursal do poder executivo. A atual bancada de oposição ao governo Mitidieri, por exemplo, é minúscula. Porém, combativa.
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A deputada Linda Brasil é das raras vozes levantadas no parlamento sergipano contra os abusos do governo de turno. Ontem, ela avisou: vai bater às portas do Ministério Público, com o objetivo de denunciar a farra de cargos comissionados.
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De fato, quando o governador Fabio Mitidieri, então candidato, prometeu gerar empregos com a mesma facilidade de quem vende bananas na feira, ninguém imaginou a inusitada estratégia a ser adotada para tentar honrar a palavra empenhada. Até agora, o governo do estado já emprega três mil servidores em cargos comissionados.
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Há hoje no governo de Sergipe 3.304 cargos em comissão. Destes, 737 foram criados somente nos primeiros 18 meses do governo Mitidieri.
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Questionada sobre a “multiplicação” dos CCs, a Secretaria Estadual de Comunicação informou que a medida foi tomada visando “aumentar a força de trabalho para atender à crescente demanda pelos serviços governamentais prestados à população”.
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Há quem, como a deputada Linda Brasil, vislumbre na multiplicação dos CCs um trem da alegria operando a todo vapor. Isso porquê em grande parte das secretarias e autarquias subordinadas à administração estadual, há mais servidores comissionados batendo ponto, por assim dizer, do que efetivos. Somente estes, entretanto, são consoantes com o princípio republicano da impessoalidade.
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Servidores públicos, sejam efetivos ou comissionados, estão na linha de frente do serviço público, tocam a máquina, podem exercer papel fundamental no desenvolvimento estadual e no atendimento da população. Desde quando trabalhem, claro. O governo de Sergipe, no entanto, distribui CCs a mancheia, mas não apresenta resultados.