Os professores Adriano Antunes e Paulo Martins, do Projeto EpiSergipe, da UFS, detalham dados da pesquisa amostral realizada no estado
UFS aponta que houve aumento de soroprevalência do coronavírus
Publicado em 06 de dezembro de 2020
Por Jornal Do Dia
A Universidade Federal de Sergipe (UFS) divulgou nesta sexta-feira os resultados da segunda fase da ação de monitoração de casos da covid-19 no estado no âmbito do Projeto EpiSergipe. Foram realizados 5.405 testes rápidos e sorológicos nas zonas urbanas e rurais de 15 municípios sergipanos, no período de 11 de agosto a 17 de novembro deste ano.
Nesta fase, 63,2% (3.415) das pessoas testadas nessa etapa foram do sexo feminino e 36,8% (1.990) do sexo masculino, nas faixas etárias de 0 a 19 anos (11,4%), 20 a 59 (69,9%) e acima de 60 (18,3%). Desse total, 745 pessoas apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus por meio do teste rápido, indicando uma taxa de prevalência de 13,8%. A maioria do gênero feminino (68,3%), e com idade entre 20 e 59 anos (71,1%).
Das 745 pessoas que testaram positivo para anticorpos SARS-CoV-2, foram coletadas 694 amostras de sangue para a confirmação do resultado através do teste de sorologia. Por meio do método de imunofluorescência, 648 exames apresentaram resultado positivo para a detecção de anticorpos, enquanto 46 deram negativo.
Na sorologia, 594 amostras sinalizaram para o tipo IgG+, o que aponta para possibilidade de a pessoa estar imune, 2 para IgM+, indicando a doença na fase inicial, e 52 pessoas com IgG+ e IgM+. Esses dados indicam uma soroprevalência de 12%, com maior frequência no gênero feminino (12,7%), e em pessoas de 20 a 59 anos (12,3%).
A pesquisa ainda apontou um aumento de 29% na taxa de soroprevalência no estado em comparação com o mês de julho, quando o percentual era de 9,3%. Nesta segunda etapa, os municípios com maiores taxas foram: Tobias Barreto (22,3%), Nossa Senhora do Socorro (18,4%) e Propriá (15,8%). Já Barra dos Coqueiros (5,0%), Canindé de São Francisco (5,6%) e Porto da Folha (5,7%) foram as cidades com os menores índices no período analisado. Aracaju, por sua vez, teve uma soroprevalência estimada em 7,7%.
O professor do Departamento de Educação em Saúde da UFS e membro do EpiSergipe, Paulo Ricardo Martins Filho avalia que os resultados gerais mostraram "um avanço da soroprevalência para o interior, que antes era de 8%, e agora, é aproximadamente de 13%, e uma certa estabilização da soroprevalência na região da Grande Aracaju".
Martins ainda aponta para o crescimento da soroprevalência no grupo de pessoas entre 20 e 59 anos. "São esses os indivíduos que compõem uma faixa economicamente ativa da população, e que tem retornado ao trabalho, à medida que o plano de retomada das atividades foi sendo implementado no estado nos últimos meses", afirma.
Tobias Barreto, no Sul do estado, foi o município com maior aumento na estimativa de soroprevalência. Na primeira fase, a taxa estava em 6,4%. Já, nesta segunda fase, atingiu 22,3%, um acréscimo de 15,9 pontos percentuais. O oposto aconteceu em Laranjeiras, localizado na Grande Aracaju, que diminuiu de 15,9% para 11%.
Além de Tobias Barreto, Martins cita as cidades que chamaram a atenção quanto ao crescimento "significativo" da soroprevalência nesta nova etapa: Simão Dias (passou de 1,4% na fase 1 para 9,8% na fase 2), Canindé de São Francisco (1,7% para 5,6%), Itabaiana (2,7% para 13%) e Nossa Senhora do Socorro (7,7% para 18,4%).
Paulo Martins afirma que, geralmente, os casos começam nas regiões metropolitanas e depois se espalham pelo interior dos estados. "Então, isso tem acontecido ao longo dos últimos meses em Sergipe. E é bom destacar que alguns municípios que foram comentados estão localizados em regiões fronteiriças, então, isso é um fator também preponderante para que esse aumento da soroprevalência tenha sido visto em Canindé do São Francisco, na região de Tobias Barreto e Simão Dias", acrescenta o pesquisador.
Coordenador geral da ação, o professor Adriano Antunes ressalta que o projeto realizará, ao todo, mais de 15 mil testes rápidos para verificar a prevalência da doença na capital e interior do estado. Como o objetivo é acompanhar o nível de contaminação ao longo do tempo, segundo ele, 60 professores, técnicos e alunos envolvidos na ação vão revisitar os municípios em janeiro de 2021 para a terceira fase de testagem. (da Rádio UFS)