Acompanhante, não há melhor
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Um amador
Publicado em 08 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Estou na pilha para
conferir o disco
anunciado por João Ventura. Isso porque os famosos contrapontos, um espetáculo de circo, nunca me convenceram. Os números do tal projeto impressionam os incautos, admirados comas firulas da performance. Aos meus ouvidos, no entanto, eles carecem de elã.
Músicos de formação erudita e profissionais tarimbados, operários do banquinho e violão, consultados pela coluna, em off, têm a mesma opinião .João Ventura é, sim, um instrumentista competente. Mas ainda nos deve um trabalho mais consistente, antes de ser aceito no primeiro time da música Serigy.
Ninguém precisa me lembrar dos marcos que pontuam a ascensão do dito cujo. Eu estava na plateia do teatro Atheneu quando o aspirante a músico, apenas um menino, conquistou o Sescanção com ‘Samba de cacique’, em 2007. Não foi merecido. Também lembro de sua colaboração fundamental em uma apresentação mais ou menos informal do amigo Silas, anos mais tarde,no extinto espaço mantido por Paulo Lobo em um anexo de sua casa, muito antes de o anfitrião virar bolsominion. Ninguém estava lá para ouvir o piano, mas este foi o principal esteio do show.
João Ventura conquistou a admiração de Toquinho e até de Madona, artistas consagrados, aplaudidos nos quatro cantos do mundo, com quem já se apresentou. Estrelas não são de jogar pérolas aos porcos. Se fizeram questão de elogiar o sergipano, vislumbraram talento genuíno. Como acompanhante, eu concordo, não há melhor.
Ocorre que, contra todas as aparências, é fácil encontrar instrumentistas de mãos cheias em qualquer esquina de Aracaju. Para o músico de gênio, entretanto, a reprodução das notas marcadas na pauta não basta.O saxofonista Luiz Americano, por exemplo, não seria lembrado até hoje se não tivesse escrito os choros gravados por Raphael Rabello. Só a verdadeira beleza transcende.
Sergipe é terra de Ismar Barreto, Nino Karvan, Pedrinho Mendonça, Saulo Ferreira, Julio Rego, Guga Montalvão, Ricardo Vieira. Todos estes não apenas cantam e tocam, como colocam a própria alma na ponta da unha. Para mim, perto dos aqui citados, até prova em sentido contrário, João Ventura é um amador.
Rian Santos
Estou na pilha para conferir o disco anunciado por João Ventura. Isso porque os famosos contrapontos, um espetáculo de circo, nunca me convenceram. Os números do tal projeto impressionam os incautos, admirados comas firulas da performance. Aos meus ouvidos, no entanto, eles carecem de elã.
Músicos de formação erudita e profissionais tarimbados, operários do banquinho e violão, consultados pela coluna, em off, têm a mesma opinião .João Ventura é, sim, um instrumentista competente. Mas ainda nos deve um trabalho mais consistente, antes de ser aceito no primeiro time da música Serigy.
Ninguém precisa me lembrar dos marcos que pontuam a ascensão do dito cujo. Eu estava na plateia do teatro Atheneu quando o aspirante a músico, apenas um menino, conquistou o Sescanção com ‘Samba de cacique’, em 2007. Não foi merecido. Também lembro de sua colaboração fundamental em uma apresentação mais ou menos informal do amigo Silas, anos mais tarde,no extinto espaço mantido por Paulo Lobo em um anexo de sua casa, muito antes de o anfitrião virar bolsominion. Ninguém estava lá para ouvir o piano, mas este foi o principal esteio do show.
João Ventura conquistou a admiração de Toquinho e até de Madona, artistas consagrados, aplaudidos nos quatro cantos do mundo, com quem já se apresentou. Estrelas não são de jogar pérolas aos porcos. Se fizeram questão de elogiar o sergipano, vislumbraram talento genuíno. Como acompanhante, eu concordo, não há melhor.
Ocorre que, contra todas as aparências, é fácil encontrar instrumentistas de mãos cheias em qualquer esquina de Aracaju. Para o músico de gênio, entretanto, a reprodução das notas marcadas na pauta não basta.O saxofonista Luiz Americano, por exemplo, não seria lembrado até hoje se não tivesse escrito os choros gravados por Raphael Rabello. Só a verdadeira beleza transcende.
Sergipe é terra de Ismar Barreto, Nino Karvan, Pedrinho Mendonça, Saulo Ferreira, Julio Rego, Guga Montalvão, Ricardo Vieira. Todos estes não apenas cantam e tocam, como colocam a própria alma na ponta da unha. Para mim, perto dos aqui citados, até prova em sentido contrário, João Ventura é um amador.