Um breve aceno de mão

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

Só agora me dou conta: O trabalho de Bruna Brandão está situado em um ponto de intersecção onde música, audiovisual, moda e até a performance se encontram. E transborda, assim, em uma questão de comportamento. ‘Astronauta do destino’, a bela canção escrita em parceria com Allen Alencar, por exemplo, tem, sim, vida própria. O vídeo clipe derivado do impulso original, entretanto, amarra tudo em um produto de coerência conceitual evidente, ainda mais potente.
Dá gosto de perceber o cuidado e a dedicação da equipe reunida em torno da inspiração de uma artista ainda tão jovem, noviça, em pleno viço, com a ambição criativa no auge. Da voz forte, emergem preocupações em voga aqui e agora. Timbres, beats, fotografia, figurino, toda a direção musical e de arte, em suma, atendem ao propósito da voz forte de Bruna, à frente de tudo, ainda uma menina.
E como é bonito, o clipe! Das intenções sugeridas na letra da música, surge um percurso inteiro. Começo, meio, fim. Atmosfera onírica, tudo se dá em um ambiente de sonho. Trata-se aqui de um gesto, apenas, pouco mais do que isso. E, no entanto, a presença física de Bruna enche a tela, com a personalidade marcante de uma atriz veterana, capaz de dominar grandes platéias com um breve aceno de mão.
‘Astronauta do destino’ é somente o segundo single de Bruna, presença cativa na noite da aldeia, no período pré-pandemia. Somente no ano passado, entretanto, ela se decidiu a lançar um trabalho autoral, com a música ‘Leoa’. Assim, a cada petardo jogado na rede, um passo depois do outro, ela se afirma como uma grata promessa, em vias de vingar na forma de um trabalho aguardado com grande expectativa, um álbum cheio.
Bruna se apresenta esta semana, 31 de março, no Espaço Artemisa, acompanhada do violão esperto de Dami Narayana.Trata-se justamente de dois artistas jovens, alheios a panelinhas,capazes de arejar o ambiente francamente viciado da cena sergipana.