Quarta, 09 De Abril De 2025
       
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Um carnaval de torturas


Publicado em 19 de fevereiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se


Milton Coelho, com equipe de doc: sem sombra de silêncio sobre a História (Fernando Correa)

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Os livros de História não deixam margem para dúvida. No dia 01 de abril de 1964, a cúpula militar verde e amarela pegou carona na paranoia inflada pela guerra fria e aplicou um golpe de Estado clássico, com a dissolução do congresso e a suspensão das liberdades civis, coletivas e individuais. Sob o pretexto de salvar a brava gente dos horrores do comunismo, fez-se de tudo. A censura, a tortura, era um prato servido todo santo dia, sem nenhuma cerimônia, simples feijão com arroz.
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Em Sergipe, no entanto, apesar dos pesares da liberdade pouca, o pau só cantou mesmo no carnaval de 1976. A Operação Cajueiro deixou uma nódoa indelével na história política do estado.
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A Câmara Municipal de Aracaju vai realizar, na próxima quinta-feira, 20, uma sessão especial para registrar a passagem dos 49 Anos da famigerada operação. A autora da proposta é a vereadora Sonia Meire (Psol). Foram convidados para debater a fatídica ação militar o ex-preso político e ex-vereador Marcélio Bomfim e a professora Andreia Depieri, da Universidade Federal de Sergipe.
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A vereadora faz agora como os realizadores Werden Tavares, Vaneide Dias e Fabio Rogerio. Fruto do diálogo mantido com os presos políticos de 64, a fim de preservar a memória dolorosa da ditadura militar no Brasil, o documentário ‘Operação Cajueiro, um carnaval de torturas’, deixou o horror registrado em matéria audiovisual.
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O documentário destaca Sergipe no cenário mais amplo do arbítrio, tendo na ‘Operação Cajueiro’ a manifestação impositiva mais violenta. Para tanto, milicos contaram com a participação de militares chegados da Bahia especialmente para acabar com qualquer tipo de reorganização do PCB em Sergipe.
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Eu, aliás, peguei o depoimento de uma das vítimas dos brutamontes, em primeira mão. O militante político Milton Coelho concordava com o jornalista Zuenir Ventura, para quem o ano de 64 ainda não acabou. Ele argumentava que não é possível admitir sombra de não ditos sobre a História.
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“Eu sou partidário de que é preciso identificar todas as ocorrências. É preciso identificar todos os que participaram daquelas atrocidades para que as novas gerações sejam municiadas e não permitam que tudo se repita”.
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As atrocidades a que Milton sempre se referiu não eram evocadas do nada. Ele próprio perdeu a vista nos porões da Ditadura e sabia do que falava, portanto.
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A mim, aos amigos do audiovisual, a vereadora Sônia Meire, resta assinarmos embaixo.
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