Sexta, 24 De Janeiro De 2025
       
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Um elogio ao insulto


Publicado em 28 de abril de 2021
Por Jornal Do Dia


Não gostou? Muda o disco!

 

Rian Santos
riancalangodoido@yahoo.com.br
Eu sou devoto da he-
resia. O viado no ar
mário interpretado por Gregório Duvivier, tentado por um Fabio Porchat virado no diabo, me presenteou com a gaitada mais satisfeita do ano da graça de 2019. Eu me refiro, convém refrescar a memória do leitor, a uma sátira deliciosa da produtora Porta dos Fundos, ‘A última tentação de Cristo’. Padres, beatas e coroinhas, um grupo contrito de católicos praticantes, tiveram uma impressão diferente. E foram à barra dos tribunais para cobrar uma reparação milionária pela ofensa alegada.
Felizmente, há tempo para tudo sob o céu. O processo movido pelo grupo católico ultraconservador Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura acaba de ser julgado improcedente. Segundo o tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, uma obra de humor não tem o poder de abalar os fundamentos de uma religião. Li a notícia e gaitei de novo.
Para o inferno com a religião, os mitos de uns e outros. Fé é questão de foro íntimo. A liberdade de expressão, por outro lado, é condição fundamental para o exercício pleno dos direitos individuais. Talvez por isso, nunca deixou de ser atacada. De outro modo, a bomba que mandou a redação da revista Charlie Hebdo pelos ares, anos atrás, jamais teria sido detonada.
Neste particular, umbandistas, católicos, evangélicos neopentecostais e mulçumanos rezam pela mesma cartilha, tendem a reagir da mesma forma, consideram a galhofa intolerável, um pecado imperdoável.
Sagrado, para mim, só há a música de Johan Sebastian Bach. Deus, Papai Noel, o santo sudário e as árvores de Natal, ao contrário, não passam de personagens e elementos de histórias forjadas com propósitos pedagógicos, a fim de impressionar os espíritos mais delicados.
Cada cabeça, um mundo. Para mim, Bach é divino, maravilhoso. Há interpretações das Sonatas para Cello que ferem os meus ouvidos. Mas ainda bem que eu tive sorte de conhecer a leitura impecável de Mischa Maisky, antes mesmo de ser atropelado pela execução manjada de Yo-Yo Mah. Quando canso de um ou de outro fico muito satisfeito de mudar o disco.

Rian Santos

Eu sou devoto da he- resia. O viado no ar mário interpretado por Gregório Duvivier, tentado por um Fabio Porchat virado no diabo, me presenteou com a gaitada mais satisfeita do ano da graça de 2019. Eu me refiro, convém refrescar a memória do leitor, a uma sátira deliciosa da produtora Porta dos Fundos, ‘A última tentação de Cristo’. Padres, beatas e coroinhas, um grupo contrito de católicos praticantes, tiveram uma impressão diferente. E foram à barra dos tribunais para cobrar uma reparação milionária pela ofensa alegada.
Felizmente, há tempo para tudo sob o céu. O processo movido pelo grupo católico ultraconservador Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura acaba de ser julgado improcedente. Segundo o tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, uma obra de humor não tem o poder de abalar os fundamentos de uma religião. Li a notícia e gaitei de novo.
Para o inferno com a religião, os mitos de uns e outros. Fé é questão de foro íntimo. A liberdade de expressão, por outro lado, é condição fundamental para o exercício pleno dos direitos individuais. Talvez por isso, nunca deixou de ser atacada. De outro modo, a bomba que mandou a redação da revista Charlie Hebdo pelos ares, anos atrás, jamais teria sido detonada.
Neste particular, umbandistas, católicos, evangélicos neopentecostais e mulçumanos rezam pela mesma cartilha, tendem a reagir da mesma forma, consideram a galhofa intolerável, um pecado imperdoável.
Sagrado, para mim, só há a música de Johan Sebastian Bach. Deus, Papai Noel, o santo sudário e as árvores de Natal, ao contrário, não passam de personagens e elementos de histórias forjadas com propósitos pedagógicos, a fim de impressionar os espíritos mais delicados.
Cada cabeça, um mundo. Para mim, Bach é divino, maravilhoso. Há interpretações das Sonatas para Cello que ferem os meus ouvidos. Mas ainda bem que eu tive sorte de conhecer a leitura impecável de Mischa Maisky, antes mesmo de ser atropelado pela execução manjada de Yo-Yo Mah. Quando canso de um ou de outro fico muito satisfeito de mudar o disco.

 

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