Quinta, 01 De Maio De 2025
       
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Um estranho consenso


Publicado em 07 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia


Nas plataformas de streaming

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Segundo Norman Mai-
ler, o jornalismo é um 
modo promíscuo de ganhar a vida. Eu assino embaixo, sem tirar nem por.Nas páginas de Cultura, ao menos, é comum surpreender releases assinados pelo titular da coluna, declarações entre aspas, os adjetivos simpáticos do comércio de ideias ralas, realizado sem pudor.
Com bala na agulha para contratar a assessoria certa, um músico independente, por exemplo, pode pagar para ser mencionado em uma rede de blogs "antenados",com o entusiasmo próprio de uma descoberta. Dá em nada. Às vezes, a depender do investimento, o artista aparece em algumas revistas, vira manchete em jornal de grande circulação. Quando este cumpre o seu destino e é aproveitado como embrulho de peixe, entretanto, o artista não deixou saudades, não cativou ninguém.
O artifício é adotado até mesmo por gente talentosa, com décadas de estrada. Compreende-se. O sujeito dá murro em ponta de faca durante dez, vinte anos, sem resultado. Alguém lhe aponta um atalho. Cansado de batalhar espaço na grade dos festivais, um trabalho exaustivo, que exige muito empenho pessoal; farto de respostas negativas, ele senta à mesa para fazer negócio. Já não tenho dedos para contar quantas vezes o anúncio de sucesso iminente redunda em esperança frustrada.
Vejo acontecer de novo. As palavras do release distribuído por Alex Sant’Anna são reproduzidas a torto e direito. O recém lançado ‘Baião Amargo’, terceiro álbum do artista, à disposição dos curiosos nas plataformas de streaming – um disco excelente, aliás -,é descrito em todos os espaços de mídia com as mesmíssimas palavras. Em tão estranho consenso, as fissuras abertas pela crítica emocionada acabariam por demolir paredes. Mais vale a informação aplainada.~
Em geral, repórteres escrevem mal, indiferente à atmosfera onde se deu determinado fato, às pressas. Quem diz, mais uma vez, é Norman Mailer. Assessores de imprensa, contudo, não fazem melhor – quem afirma sou eu.

Rian Santos

Segundo Norman Mai- ler, o jornalismo é um  modo promíscuo de ganhar a vida. Eu assino embaixo, sem tirar nem por.Nas páginas de Cultura, ao menos, é comum surpreender releases assinados pelo titular da coluna, declarações entre aspas, os adjetivos simpáticos do comércio de ideias ralas, realizado sem pudor.
Com bala na agulha para contratar a assessoria certa, um músico independente, por exemplo, pode pagar para ser mencionado em uma rede de blogs "antenados",com o entusiasmo próprio de uma descoberta. Dá em nada. Às vezes, a depender do investimento, o artista aparece em algumas revistas, vira manchete em jornal de grande circulação. Quando este cumpre o seu destino e é aproveitado como embrulho de peixe, entretanto, o artista não deixou saudades, não cativou ninguém.O artifício é adotado até mesmo por gente talentosa, com décadas de estrada. Compreende-se. O sujeito dá murro em ponta de faca durante dez, vinte anos, sem resultado. Alguém lhe aponta um atalho. Cansado de batalhar espaço na grade dos festivais, um trabalho exaustivo, que exige muito empenho pessoal; farto de respostas negativas, ele senta à mesa para fazer negócio. Já não tenho dedos para contar quantas vezes o anúncio de sucesso iminente redunda em esperança frustrada.
Vejo acontecer de novo. As palavras do release distribuído por Alex Sant’Anna são reproduzidas a torto e direito. O recém lançado ‘Baião Amargo’, terceiro álbum do artista, à disposição dos curiosos nas plataformas de streaming – um disco excelente, aliás -,é descrito em todos os espaços de mídia com as mesmíssimas palavras. Em tão estranho consenso, as fissuras abertas pela crítica emocionada acabariam por demolir paredes. Mais vale a informação aplainada.~
Em geral, repórteres escrevem mal, indiferente à atmosfera onde se deu determinado fato, às pressas. Quem diz, mais uma vez, é Norman Mailer. Assessores de imprensa, contudo, não fazem melhor – quem afirma sou eu.

 

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