Um por todos; todos por um
Publicado em 01 de março de 2025
Por Jornal Do Dia Se
Agora, voltamos ao cenário internacional das premiações, em dose tripla, o que já é uma façanha inédita para o Brasil, que só tinha como recorde, duas indicações em 1999, por “Central do Brasil”
* Paulino Fernandes de Lima
Embalado pela época mais festiva do ano, que é a do carnaval, nosso País vive uma incomum expectativa, no campo da Sétima Arte, pois recebeu três indicações ao Prêmio mais cobiçado do Cinema.
Nesse ensejo, vale o empréstimo do conhecido lema adotado pelo escritor Alexandre Dumas, em “Os três mosqueteiros”, para o título deste Artigo, considerando que são três as indicações, para um Filme, que em sua totalidade, representariam uma conquista inédita.
O Cinema brasileiro já teve épocas glamourosas, que o tornaram digno de premiações tantas quantas vezes, mas devido à concorrência com a indústria de outros países, incluindo à da sede do óscar, nunca tivera o devido reconhecimento.
Agora, voltamos ao cenário internacional das premiações, em dose tripla, o que já é uma façanha inédita para o Brasil, que só tinha como recorde, duas indicações em 1999, por “Central do Brasil”.
Naquele ano, a atuação sempre magistral da Atriz Fernanda Montenegro já foi determinante para conferir peso à sua indicação, injustamente vencida por Gwyneth Paltrow (por Shekespeare apaixonado) que não imergiu profundamente no papel como a nossa extraordinária Fernanda.
Todavia, sem querer decepcionar a torcida (na qual me incluo na primeira fileira), embora reunamos, presentemente, muitos requisitos para conquistar ao menos um óscar, a história das premiações e o “modus operandi” adotado para a escolha dos vencedores, lançam indesejável dúvida.
A questão da “injustiça” não é novidade, embora a encaremos, em parte, como uma consequência do subjetivismo próprio das escolhas, já que tanto as indicações, como as premiações são por meio da votação de um jurado, com naturais diferenças humanas de opinião e de gosto.
Acrescente-se aí que, se essas diferenças existem entre os votantes, obviamente que entre estes e o público é que existem mesmo. Cada um tem um olhar próprio sobre as impressões na telona, como um torcedor que, se pudesse, escalaria seu próprio time de futebol.
Mas se formos percorrer a história das premiações ao óscar, sempre iremos esbarrar nos casos em que houve injustiça ao se premiar um ator, atriz, filme ou diretor “errado”, em preterição de outro.
A injustiça em si é só o resultado de um certame que envolve um sem-número de elementos de toda ordem, principalmente ligados a conjuntura política em que estamos, medonhamente, vivenciando.
Nesse cenário entram em cena, interpretações e atuações que não são reveladas no alvissareiro momento da frase “…and the Óscar goes to…”. Ficam soterradas sob os escombros das idiossincrasias do mercado e crítica cinematográfica.
Mas desconfiamos.
Sabemos que uma ou outra indicação adveio do momento político, que presentemente devasta tanto sentimento bom, que bem poderia tilintar na “belezura” da isenção, mas acaba saindo de cena, para dá lugar mais ao espírito competitivo da ideologia política, econômica ou religiosa.
Vou torcer, inelutavelmente, para que nosso amado País arrebate as três indicações, muito embora meu favorito mesmo seja o Filme “Conclave”, em que o Diretor suíço-alemão, Edward Berger, soube perfilhar um tema tão episodicamente situado no tempo, sob o rico tempero do suspense, de forma competente, na abordagem necessariamente séria que o tema requer.
Como cinéfilo (de carteirinha), desde tenra idade, espero ao menos que a Academia não decepcione muito (como ultimamente vem fazendo, pois “Ainda estou aqui” e “Conclave” são filmes sérios, que não podem ser ignorados.
Uma estatueta de Filme internacional para o primeiro já seria bem acalentador!
* Paulino Fernandes de Lima, defensor público do estado de Pernambuco e professor