UM PRAZO EXÍGUO PARA A FAFEN NÃO ¨HIBERNAR¨
Publicado em 30 de março de 2018
Por Jornal Do Dia
De todo esse episodio desastroso da ¨hibernação¨ da FAFEN, resta-nos a boa constatação de que toda a classe política uniu-se, para reivindicar, em conjunto, uma solução menos desastrosa do que o sucateamento anunciado a partir do mês de junho. Esse foi o prazo exíguo anunciado pela cúpula instalada na PETROBRAS, para que sumissem dos ativos da empresa, tanto a fábrica sergipana, como a baiana, localizada em Camaçari. Seria exatamente o fim de ativos, porque desativadas, sucateadas e lançadas ao lixo, não mais poderiam ser contabilizadas como patrimônio do complexo estatal. Não se contabiliza ferro velho.
Esse modelo gerencial é algo novo, inteiramente inédito no país, onde todos os desmandos têm ocorrido nas estatais, sempre vulneráveis às interferências políticas e ao assalto dos quadrilheiros. O sucateamento, a transformação em ferro velho de indústria sque produziram, ano passado, quase dois milhões de toneladas de insumos, essenciais para a agricultura, ou utilizados amplamente na indústria química, e que continuam em operação, é um procedimento tão calamitoso que chega a parecer algo como se fosse uma ¨pegadinha¨ de extremo mau gosto, cujo efeito, assustador, logo seria desfeito. Mas não, foi tudo real, tudo absurdamente verdadeiro.
Diante dessa realidade nua e crua, a reação dos sergipanos e baianos foi rápida, incisiva e oportuna. Da sugestão conjunta dos governadores Jackson Barreto e Rui Costa, com respaldo pleno das bancadas federais, dos trabalhadores, das empresas, e do empresariado dos dois estados, houve uma nova posição da PETROBRAS, agora, estendendo por mais 120 dias, o pleno funcionamento da empresa, após a data marcada para a hibernação, o mês de junho. Com isso, haverá tempo para que se tente a negociação das duas com algum grupo ou grupos empresariais que possam ter interesse pelo negócio.
Dessa forma, melhor se constata ainda o equivoco, ou mesmo a intenção criminosa contidos na forma como a PETROBRAS tratou do caso das FAFENs. Qualquer gestor com um mínimo de competência recomendaria que as empresas permanecessem funcionando plenamente, até que aparecesse algum comprador.
Mas decidiram transformá-la em lixo inservível, certamente, depois, apareceria algum interessado para comprar as duas fábricas a preço de ferro velho.
Pergunta-se: Por que o Ministério Público Federal não faz uma investigação sobre essa tramoia, quase explicita?
Na Câmara Federal ou no Senado, algum representante sergipano ou baiano poderia propor a instalação de uma CPI no ramo de fertilizantes da Petrobras, embora sabendo-se que essas CPIs quase nunca vão além dos debates exibidos na TV.