Unimed tem 60% de pacientes com covid e suspende cirurgias eletivas

Gabriel Damásio

Os hospitais particu lares de Aracaju  enfrentam hoje a mais grave crise provocada desde o início da pandemia do coronavírus. As principais unidades estão com superlotação nas alas dedicadas a pacientes com a doença e correm risco de colapso, tanto nas enfermarias quanto nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Neste sábado, a Unimed Sergipe divulgou um comunicado para confirmar a suspensão das cirurgias eletivas em seu hospital, decisão que foi tomada há mais de uma semana. 
De acordo com a cooperativa responsável pelo plano, o Hospital Unimed "funciona, neste momento, em estado de alerta máximo devido ao aumento expressivo dos casos da Covid e, consequentemente, da ocupação dos seus leitos". No último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado na sexta-feira, 21 pacientes com Covid-19 estavam internados na UTI da Unimed, que tinha apenas 19 vagas exclusivas, perfazendo uma taxa de ocupação de 110,5%. Ou seja, o hospital recorreu aos leitos de contingência, que puderam ser remanejados por causa da suspensão das cirurgias eletivas.
"Atualmente, o hospital diariamente redimensiona e amplia seu número de leitos, pessoal e equipamentos e atua com quase 40% das suas instalações exclusivas para os pacientes em estado grave da doença, perfazendo um total de 60% de leitos destinados a internamento de pacientes com Covid-19", diz o comunicado, considerando que o atual momento é o "mais crítico ao longo dos 36 anos de existência da Unimed". 
O plano admitiu ainda que, por conta do atual comportamento dos casos do coronavírus, "o sistema de saúde está em alerta máximo, em momento crítico, dificultando a adesão de novos leitos devido à escassez de recursos humanos e por vezes insumos". E cita que os seus médicos, enfermeiros e técnicos estão "indo à exaustão", mas vão continuar atuando para priorizar a assistência aos usuários, e precisam da colaboração de toda a população para que atendam às medidas de prevenção contra o coronavírus, para que menos casos apareçam. 
"A cooperativa pede a colaboração de todos neste momento, pois é a ajuda necessária para vencer este inimigo. A Unimed Sergipe aproveita para pedir a compreensão dos seus clientes e clama por conscientização por parte da população que deve seguir as recomendações dos órgãos de vigilância sanitária, principalmente no que se refere ao uso de máscaras, distanciamento social e uso de álcool em gel. Com fé em Deus venceremos este inimigo terrível", conclui a nota da Unimed.

Sem vagas – A situação não é diferente nos outros hospitais privados de Aracaju. Somadas todas as unidades privadas, a taxa geral de ocupação das UTIs para coronavírus ficou em 87%, com 120 pacientes internados nesta sexta-feira. Só que as enfermarias particulares estão esgotadas, com 145 internados em alas com 142 leitos, o que jogou a taxa geral para 102,1%.
O Primavera já chegou a suspender o atendimento de emergência por duas vezes em duas semanas, sendo a primeira na Quarta-Feira de Cinzas deste ano (17 de fevereiro) e a segunda no dia 28, mesmo com a reorganização interna que permitiu a abertura de 10 novos leitos. A urgência da unidade foi reaberta na quinta-feira passada, mas a própria direção do hospital avisou, em nota, que a situação ainda não foi amenizada, pois a taxa de ocupação dos leitos de UTI no local continua alta e, por isso, não está descartada a possibilidade de um novo fechamento. Na sexta-feira, a UTI do Primavera tinha 37 leitos e 38 pacientes com Covid, sendo um em leitos de contingência. A taxa de ocupação ficou em 102,7%.
Já no São Lucas, administrado hoje pela Rede D’Or, a ala da UTI pediátrica está com as duas vagas ocupadas, enquanto que na UTI adulta, dos 37 leitos disponíveis 34 estão com pacientes, deixando sua taxa com 91,9%. Profissionais de saúde da unidade têm se queixado publicamente que estão esgotados pelo intenso ritmo de trabalho dos últimos dias. Outros dois hospitais estão perto do limite: o Gabriel Soares, da rede Hapvida, e a ala do Hospital Cirurgia reservada ao Ipesaúde (plano dos servidores do Estado), estão apenas com uma vaga de UTI disponível. Todas as unidades também apelam à população para que siga os protocolos de segurança, evitando aglomerações, usando máscaras e higienizando as mãos corretamente.