Quarta, 14 De Maio De 2025
       
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Vem das nuvens


Publicado em 24 de abril de 2025
Por Jornal Do Dia Se


O poeta vive (Divulgação)

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Aparentemente, meu pai frequentava os botecos errados. Menino, bebi muita espuma de cerveja, a fim de seguir os seus passos. Um violeiro afiado em redondilhas, coberto com a poeira das feiras, nunca encontrei.
O cordelista Eduardo Teles conta que escutou os primeiros versos na bodega da família. Pura sorte. Entre os sergipanos de gerações mais recentes, os livretos de impressão barata são como peças de museu, documentos estranhos ao ambiente doméstico, próprios de outro tempo.
Os cordelistas, no entanto, resistem, fazem versos sobre Deus e o mundo, firmes e fortes, feito Quixotes do sertão. Este, aliás, foi o mote adotado pelo realizador Felipe Moraes no curta metragem ‘Dom Quixote sergipano’ (2018). Mais do que filmar uma entrevista das mais francas com o poeta à frente da editora artesanal Vem das Nuvens, o diretor enquadra o autor em seu habitat natural, num preto e branco repleto de sentido e beleza. Beleza, sim. Entre todas as virtudes do documentário, a fotografia grita.
O curta está a disposição dos curiosos no Youtube. Breve, bem realizado, o filme articula um discurso completo em cada frame. Não há, ali, o que tirar, nem por. De frente para a lente, Eduardo canta, declama e filosofa a respeito de sua poética. Sem perdas de tempo. Sem artifícios. Sem desperdício.
De malas prontas, com rimas de próprio punho e a reverência dedicada a seus mestres na bagagem, Eduardo Teles desembarca hoje no Sul Maravilha, com o patrocínio do departamento nacional de cultura do Sesc. A sua participação no projeto Arte da Palavra, em Paraty (RJ), aviva a memória ancestral do lugar Serigy, sem deixar de cantar a experiência de agora. O poeta vive. E, assim, ainda sonha.
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