Para Maria Cristina, a grandeza de Elis Regina justifica todas as homenagens. (Foto: Lucio Telles)
40 anos de saudade
Publicado em 19 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos – riansantos@jornaldodiase.com.br
Quando músicos tarimbados como Ítalo Neno e os irmãos Snoozers se debruçam sobre a vastidão de um repertório como o da cantora Elis Regina (a maior de todas, na opinião deste que vos escreve), há boas razõespara o prezado público esperar coisa boa. Aparentemente, a gestação do projeto Os Elísios não foi responsabilidade dos supracitados, mas é o dedo destes quem recomenda a série de apresentações encabeçadas pela cantora Maria Cristina e o guitarrista Humberto Barreto. Reverência sem nostalgia.
Nas apresentações do projeto, as nuances mais ácidas do repertório são salientadas por obra e graça de uma banda fiel ao espírito das canções. E não poderia ser diferente. Elis é a mais pra frente das cantoras brasileiras. Virtuosismo e feeling, numa rara combinação de veneno e bom gosto. Quem duvida tem de ouvir o clássico ‘Falso brilhante’ (1976). Exige mesmo uma banda esperta, com competência suficiente para passear entre gêneros diversos sem perder a pegada, como os Elísios. Hoje tem nova apresentação. A página recomenda.
Elis Imortal – Ela foi a maior intérprete da Música Popular Brasileira. Elis Regina arrebatou amantes da música em todo o mundo, antes de partir, no dia 19 de janeiro de 1982. Hoje, 40 anos depois, a sua memória será reverenciada no Show ‘Para Elis, Inesquecível – 40 anos de saudade’, por Maria Cristina e os Elísios, na Arena Aracaju Circo da Praia, a partir das 20 horas.
Escolhido a dedo, o repertório preserva arranjos e tons originais da obra de Elis, trazendo canções que embalaram as histórias de vida de muita gente. A direção musical leva a assinatura do experiente Humberto Barretto (violões), mas o grupo, que realiza o tributo há cerca de oito anos, também reúne feras como Fabio Oliveira (baixo), Rafael Júnior (bateria) e Ítalo Neno (teclado), em substituição a Rafael Ramos, que integrava a formação original. Maria Cristina, que dá voz a Elis, lançou, recentemente, o álbum autoral ‘Brisa, Vento e Vendaval’, trazendo nove sambas, que carregam consigo a influência de Elis.
Para ela, o que Elis representou para a Música Popular Brasileira justifica todas as homenagens. “Na década de 1960, Elis foi uma espécie de porta-estandarte na defesa da música popular brasileira. Foi uma artista que contribuiu decisivamente e vivenciou todas as etapas do processo de legitimação da MPB nas décadas de 1960 e 1970, passando por todas as fases e dialogando com as diversas demandas do mercado de música no Brasil. E conquistou o público com o seu talento e revelou, com sua voz, novos e grandes compositores, como Ivan Lins, Belchior e Milton Nascimento”, comenta.
Ela conta como surgiu o ímpeto de reverenciar Elis Regina. “Depois de um simpósio de música na UFS, em 2011, a vontade de voltar a cantar me tomou completamente. Humberto me perguntou o que eu gostaria de fazer com música, se aceitaria fazer um tributo. Disse a ele que só me debruçaria para estudar Elis Regina. Ele paralisou diante de mim. Pouco entendi, naquele momento, o que teríamos que enfrentar dali em diante. Só o caminho me fez perceber a grandiosidade daquela escolha, que ele abraçou sem mesmo me conhecer. Nesta longa jornada, muitos desafios nos foram apresentados”.
“Foram dois anos de pesquisa e inúmeras tentativas de formar o grupo que abraçaria este sonho conosco. Assim nasceram Os Elísios. Depois de quatro meses de ensaios intensos, estudos individuais e muitas emoções compartilhadas, nasceu ‘Para Elis’, estreando em 11 de abril de 2014”, revela.