Canções da eternidade

 

Rian Santos

riansantos@jornaldodiase.com.br

 

Sou teimoso. Recuso-me a aceitar que o melhor da vida é fato consumado, pronto e acabado, já foi, já passou.

Sim, o passado imenso que nos precede é povoado por figuras memoráveis. Aqui e agora, no entanto, ainda há quem cultive a beleza impunemente, bem embaixo de nosso nariz.

Em plena atividade, o casal Ricardo e Rebeca Vieira, por exemplo, faz valer cada segundo de atenção reivindicado quando sobe ao palco. Unidos em duo, eles criam, procriam, com os dois pés enterrados no tempo presente. S e voltam ao passado, como no projeto Seresta, é para fazer do  instante um momento feliz.

As canções do repertório aqui em questão se derramam como um balde despejado, para lembrar um poeta da eternidade. Aqui e ali, um dó de peito evoca um gesto grandiloquente, próprio de quando o próprio amor era uma hipérbole. Mas,para quem desfruta o espetáculo, não resta sombra de dúvida, os dois artistas estão inteiros ali.

Há prazer genuíno nos baús abertos da memória afetiva, nos discos de vinil, nas canções de antigamente. Há, sim, vida pregressa,criação anterior.O projeto Serestas me fere fundo como uma saudade justamente por eu também estar aqui.

 

Duo Vieira apresenta Seresta:

08 de dezembro, às 20 horas, A Casa do Mangue.