Quarta, 22 De Janeiro De 2025
       
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A voragem em um filme


Publicado em 26 de junho de 2019
Por Jornal Do Dia


Uma oportunidade desperdiçada.

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Pouca gente escapou 
à voragem contida 
no documentário mais recente de Petra Costa. ‘Democracia em vertigem’ apanha de gregos e troianos, à esquerda e à direita, não há assunto mais debatido nos botecos, Brasil afora. Resguardada pela narração em primeira pessoa, a diretora omite, falseia e endossa a narrativa do "golpe" entoada pelo petismo sem fazer nenhuma ressalva. Redundante e raso, apesar de tudo, o filme incomoda.
O desconforto provocado por ‘Democracia em vertigem’ se dá não pelo enunciado – mais surrado do que o lombo dos pretos e pobres. Não pela forma. Mas pela sucessão dos eventos que transbordam da tela. Obra e graça de atores diversos, a aposta recente numa crise de representação partidária, deflagrada nas ruas e em manchetes de jornais, minou a credibilidade sob o alicerce das instituições democráticas. Não há sinal de estabilidade no horizonte verde e amarelo. No fim das contas, a criminalização da política deu ruim para todo mundo. 
Todo mundo, vírgula. As forças nascidas do colapso, notáveis na sanha persecutória do Ministério Público e na emergência do bolsonarismo, pintam e bordam em pleno caos. O subestimado projeto de poder da bancada evangélica ganha corpo. O militarismo de farda e patente tem assento e poder de mando no Palácio do Planalto.
O leitor há de me perdoar por comentar o filme sem me ater aos episódios nevrálgicos da narrativa. O impeachment da presidente Dilma Rousseff, mais a prisão arbitrária de Lula, são evocados justamente como os maiores pontos de inflexão na história recente da República. Mas, a bem da verdade, não há nada de novo a ser dito sobre o "golpe". Mesmo quando se admite que o fato consumado passa longe de página virada.
‘Democracia em vertigem’ extrapola a si mesmo, permanece na cabeça, mesmo depois de subirem os créditos. Por isso o bate boca em forma de textão, via Facebook. O filme deixa um gosto amargo. Mesmo quem nunca engoliu o idílio do Brasil sem fome, uma fábula petista, tem razão de sobra para lamentar a oportunidade desperdiçada.

Pouca gente escapou  à voragem contida  no documentário mais recente de Petra Costa. ‘Democracia em vertigem’ apanha de gregos e troianos, à esquerda e à direita, não há assunto mais debatido nos botecos, Brasil afora. Resguardada pela narração em primeira pessoa, a diretora omite, falseia e endossa a narrativa do "golpe" entoada pelo petismo sem fazer nenhuma ressalva. Redundante e raso, apesar de tudo, o filme incomoda.
O desconforto provocado por ‘Democracia em vertigem’ se dá não pelo enunciado – mais surrado do que o lombo dos pretos e pobres. Não pela forma. Mas pela sucessão dos eventos que transbordam da tela. Obra e graça de atores diversos, a aposta recente numa crise de representação partidária, deflagrada nas ruas e em manchetes de jornais, minou a credibilidade sob o alicerce das instituições democráticas. Não há sinal de estabilidade no horizonte verde e amarelo. No fim das contas, a criminalização da política deu ruim para todo mundo. 
Todo mundo, vírgula. As forças nascidas do colapso, notáveis na sanha persecutória do Ministério Público e na emergência do bolsonarismo, pintam e bordam em pleno caos. O subestimado projeto de poder da bancada evangélica ganha corpo. O militarismo de farda e patente tem assento e poder de mando no Palácio do Planalto.
O leitor há de me perdoar por comentar o filme sem me ater aos episódios nevrálgicos da narrativa. O impeachment da presidente Dilma Rousseff, mais a prisão arbitrária de Lula, são evocados justamente como os maiores pontos de inflexão na história recente da República. Mas, a bem da verdade, não há nada de novo a ser dito sobre o "golpe". Mesmo quando se admite que o fato consumado passa longe de página virada.
‘Democracia em vertigem’ extrapola a si mesmo, permanece na cabeça, mesmo depois de subirem os créditos. Por isso o bate boca em forma de textão, via Facebook. O filme deixa um gosto amargo. Mesmo quem nunca engoliu o idílio do Brasil sem fome, uma fábula petista, tem razão de sobra para lamentar a oportunidade desperdiçada.

 

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