A 'Operação Valquíria' já prendeu 34 pessoas e apreendeu produtos roubados
Ação contra tráfico tem três mortos e 34 presos
Publicado em 23 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
Três suspeitos morreram e outros 34 foram presos ao longo do dia de ontem, em uma grande operação deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) para combater uma quadrilha envolvida com diversos crimes cometidos na região Agreste do Estado, como tráfico de drogas, roubo de cargas, assalto a bancos, pistolagem, jogo do bicho e lavagem de dinheiro. A chamada "Operação Valquíria", deflagrada ao final da madrugada em Itabaiana, Ribeirópolis, Aracaju, Garanhuns (PE) e São Paulo (SP), envolveu 240 policiais civis para cumprir dezenas de mandados de prisão e de busca e apreensão.
Apenas um dos presos teve seu nome oficialmente confirmado: o alagoano Maurício Novaes Guedes, o "Chapéu de Couro", considerado um dos maiores pistoleiros do Nordeste e acusado por dezenas de assassinatos cometidos em Sergipe e outros estados da região. Um dos crimes atribuídos a ele foi a morte da deputada federal alagoana Ceci Cunha, baleada com o marido e um casal de amigos em uma chacina ocorrida no dia 16 de novembro de 1998, em Maceió (AL). Em Sergipe, ele cumpriu parte de uma pena de 14 anos de prisão pelo assassinato do comerciante José Augusto Santana, morto no centro de Aracaju. Os nomes dos outros presos só deverão ser confirmados hoje.
Durante as buscas, três procurados morreram em confrontos com policiais, após reagirem à prisão. O primeiro embate aconteceu ao final da madrugada em uma casa na Travessa Augusto César Leite, no centro de Itabaiana, onde morava o ex-presidiário Gilberto de Menezes Santos, o "Zoião", 29 anos, considerado um dos principais traficantes da cidade serrana. Ele chegou a ser levado para o Hospital Regional Pedro Garcia Moreno, após ser baleado, mas morreu antes de ser internado.
O segundo confronto ao final da manhã, em uma casa no Residencial Brisa Mar, bairro Aruana (zona de expansão de Aracaju), onde policiais suspeitavam da existência de um ponto de venda de drogas. Dois homens, identificados apenas pelos prenomes Heitor e Edmilson, atiraram contra as equipes da Polícia Civil e também acabaram mortos. Com a dupla, a polícia apreendeu achadas duas pistolas calibres ponto 40. A SSP não deu outros detalhes sobre a ação, mas adiantou que um dos procurados já respondia a processos por roubos de carga e, pelo menos, 14 homicídios.
Duas mulheres que estavam na residência foram detidas e levadas para a Academia de Polícia Civil (Acadepol), onde um posto de comando da operação foi montado. Para lá, também foram levados os outros presos. Durante todo o dia, os policiais interrogaram todos os suspeitos e levantaram todo o material apreendido com eles. Até o fechamento desta operação, foram apreendidos mais de R$ 100 mil em dinheiro, quantias de maconha e cocaína, 20 quilos de crack, 20 automóveis de luxo, 18 motocicletas, três armas de fogo e produtos de roubo como joias e aparelhos celulares. Centenas de documentos e computadores também estão em poder da polícia.
A superintendente da Polícia Civil, Katarina Feitoza, afirmou ao início da tarde que o grupo, composto por empresários, comerciantes, agiotas e ex-presidiários, já era investigado há mais de um ano e era baseado em Itabaiana, mas tinha ramificações em Aracaju, São Paulo e Pernambuco. De acordo com a delegada, os crimes do grupo eram variados, mas a prática de assassinatos por pistolagem era a que mais chamava a atenção. "Era de tudo um pouco. Os crimes de mando, encomendados, eram por conta de desavenças relacionadas ao tráfico e das próprias negociações ilegais, como o roubo de cargas e o jogo do bicho", confirma ela.
Katarina preferiu não adiantar nomes ou outros detalhes, pois os presos ainda eram interrogados, e nem confirmou a ligação da quadrilha com políticos da região de Itabaiana, já que foi levantada a suspeita de que o grupo teria financiado a campanha de um candidato. No entanto, a delegada apontou que os suspeitos podem ser considerados de alta periculosidade. "São pessoas muito perigosas, influentes, que aparentemente se revestiam da capa de pessoas de bem, respeitadas, mas que agem como bandidos", disse. O balanço final da operação só deve ser divulgado na segunda-feira, após a chegada dos três acusados presos em São Paulo e de uma mulher detida em Garanhuns, além dos materiais apreendidos nesses locais.
Defesa – A intensa movimentação de policiais na sede da Acadepol, no bairro Capucho (zona oeste), foi aumentada com a chegada de parentes dos presos e advogados mobilizados por suas famílias. Eles tentavam acompanhar os interrogatórios de seus clientes e, inicialmente barrados, foram sendo liberados aos poucos. Um deles foi José Ronilson Menezes, contratado para defender 15 dos acusados detidos ontem. "Eles estão sendo acusados de assalto a banco, quadrilha e tráfico de drogas. Nós estamos analisando os mandados de prisão e, se for necessário, vou entrar com habeas-corpus. Todos são comerciantes conhecidos em Itabaiana", disse ele.