Apagão provoca um caos em Aracaju

Milton Alves Júnior
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Pane em linha de transmissão de energia elétrica no Estado do Piauí causa transtornos em sete estados nordestinos e afeta 90% do Estado de Sergipe em duas ocasiões. Os apagões, o primeiro por volta das 15h, e o segundo pouco depois das 17h, contribuíram diretamente para a formação de um caos ainda maior em ruas e avenidas da capital sergipana e atrasou chegadas e saídas de aeronaves comerciais no Aeroporto Santa Maria. Com os semáforos desativados, voluntários se arriscaram em meio aos veículos e tentaram organizar parcialmente o fluxo em cruzamentos das vias mais movimentadas. Nos hospitais, o auxílio de geradores contribuiu para que as assistências médicas fossem pouco alteradas. Já em postos de saúde, o serviço foi cancelado integralmente após a primeira interrupção de energia.
Sem a presença de agentes da Polícia Militar ou da Guarda Municipal de Aracaju, meliantes aproveitaram a oportunidade para realizar arrastões nos terminais de integração do Distrito Industrial de Aracaju e no terminal do Mercado. Entre os pertences furtados, estavam aparelhos celulares, bolsas e carteiras de dinheiro. Preocupado com a situação e já prevendo esse tipo de ocorrência, a funcionária pública Nazaré Gomes decidiu optar por um táxi ao sair mais cedo do trabalho. "Quando a luz caiu pela primeira vez, pouco tempo depois nosso superior liberou todos os funcionários. Enquanto essa autorização ainda não tinha sido feita, estava conversando com umas colegas justamente sobre esses assaltos e deu no que deu", afirmou.
Também preocupados com uma possível onda de assalto, empresários que possuem estabelecimentos nos calçadões das ruas Laranjeiras e João Pessoa, Centro da capital, optaram por fechar as portas. Esse foi o caso de Antoniel Nunes que possui uma loja de bolsas e calçados. De acordo com ele, os próprios vendedores foram responsáveis por alertar o setor patronal. "No mês retrasado, quando manifestantes passaram por aqui houve registros de saque e todos nós ficamos muito assustados. Hoje, assim que a energia caiu e a notícia de que não tinha previsão para voltar, conversei com meus funcionários e decidimos suspender o expediente". Ainda segundo o empresário, com a falta de energia a venda foi prejudicada também pelo não funcionamento de máquinas de cartão de créditos.
Conforme informações apresentadas pela Energisa, empresa responsável pelo fornecimento de energia no estado, ao todo 65, dos 75 municípios sergipanos registraram o problema. Já pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a carga elétrica dos sete estados reduziu de 10 mil megawatts para um mil megawatts. Ciente do problema, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a causa do apagão foi em decorrência de uma queimada na fazenda Santa Clara que fica na cidade de Canto do Buriti, no Piauí. O gestor informou ainda que a causa da queimada foi provocada por ação humana. De acordo com o Governo Federal, investigações já foram iniciadas.

Denúncia – Pacientes do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) informaram que após a primeira queda de energia, o sistema demorou cerca de uma hora para ser restabelecido. Para o agricultor Luís Balbino, morador da cidade de Tobias Barreto, houve uma possível displicência e preparo técnico por parte dos administradores, médicos e enfermeiras da unidade hospitalar. "Demorou muito, acho que na hora que era para o gerador funcionar, ele não iniciou. Foi uma correria grande por parte de todos e enquanto essa energia não voltava, os acompanhantes se desesperavam. Ninguém repassava informações sobre notícias do estado de saúde dos nossos parentes", afirmou. Conforme informações da Secretaria de Estado da Saúde, os geradores foram ativados em poucos minutos. Enquanto eles não eram ativados, os equipamentos vitais permaneceram funcionando por possuir baterias que permitem o funcionamento por até 30 minutos.
Apesar de não possuir efetivo suficiente para organizar as principais vias públicas da capital, a direção da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) determinou que todos os agentes fossem deslocados para pontos estratégicos. Apesar dessa determinação, o trânsito permaneceu intenso e confuso por mais de quatro horas.

Aeroporto – No aeroporto de Aracaju, o movimento de aviões foi interditado por aproximadamente duas horas conforme informado pela Infraero. Surpresos com os atrasos, os passageiros foram informados por funcionários das companhias aéreas quanto ao problema em parte do Nordeste, e aconselhados a continuar aguardando o restabelecimento da energia e normalização do tráfego. De acordo com o assessor de comunicação da Energisa, Augusto Aranha, a primeira subestação a ser energizada foi a Estação Urubu, que atende a zona Norte de Aracaju. O mesmo processo aconteceu com as subestações Serigy, Grageru e Mosqueiro. Até às 20h30 de ontem, alguns municípios permaneciam sem o respectivo fornecimento de energia elétrica.