Um encontro com a diversidade cultural brasileira
Brasilidade em pauta no Teatro Atheneu
Publicado em 20 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
A cultura popular – maior paixão do ator, cantor, compositor e humorista Saulo Laranjeira -, é a força motriz do espetáculo Assunta Brasil, que convida o público a uma aproximação com a nossa brasilidade, impregnada em causos e canções. Entre o cômico e o emotivo, o ator encena no palco um encontro com as raízes de sua própria formação e conduz a plateia por um passeio pontuado pela diversidade das manifestações responsáveis pelos contornos desse sentimento difuso, por meio do qual reconhecemos as nossas feições.
Os personagens apresentados em Assunta Brasil afloram os traços das várias identidades brasileiras. À medida em que ela vão surgindo, criam um clima de imediata empatia com os espectadores, multiplicando risos e emoções.
É o caso da benzedeira "Véia Messina", expressão da interioridade, com cantigas folclóricas e lições de vida. Zé da Silva Pereira, com sua intensa profundidade e lirismo, por sua vez, é uma autêntica figura do sertão brasileiro, enraizado na natureza, inspirado em Manuelzão, de Guimarães Rosa. Há ainda o poeta João Macambira, representante do gênero matuto brasileiro, apaixonado pela viola caipira. Geraldinho, evidência de que todos nós somos caipiras de algum lugar. Maestro Sabiá, uma encarnação do ébrio sentimental que afoga as mágoas na bebida, entre muitos outros.
Dando voz a esse périplo de personagens, Saulo Laranjeiras vive as lembranças dos áureos tempos de boemia, interpreta "Noite do meu Bem" de Dolores Duran, samba canção de 1959 e se transforma no desavergonhado e atrevido sambista Juriti, que sempre tira partido do samba de seus versos.
Alguns personagens causam euforia, como o Kelé Metaleiro, um contraponto por sua sonoridade hilariamente roqueira, e o demagogo deputado João Plenário, notório pelo seu quadro num humorístico televisivo.
No espetáculo em formato solo, Saulo Laranjeira inicia cantando a capela, "Chula no Terreiro" do menestrel Elomar Figueira Melo. Compõe também o roteiro um de suas mais belas interpretações, a canção "Romaria" (Renato Teixeira).
Nas Intervenções de essência lírica, referências que incidem o imaginário, a voz do artista, em semelhança a diferentes vozes e sons da natureza, invadem os sentidos humanos, numa verdadeira enunciação de nossa terra. Ao fim do espetáculo, percebe-se um público envolto pelo sonho, emanados pelo belo.
Em suma: Com novos parâmetros estéticos, e uma admirável mistura de música, poesia, causos e o humor inteligente de Saulo Laranjeira, "Assunta Brasil" revela a força da diversidade cultural brasileira.
Assunta Brasil, com Saulo Laranjeira
24 de agosto, às 21 horas, no Teatro Atheneu