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Consumo de drogas é alto nas escolas de Sergipe


Publicado em 09 de setembro de 2012
Por Jornal Do Dia


O crack também já é muito consumido nas escolas sergipanas

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

"A clientela tem grana e compra bem / Tudo em casa, costa quente de sócio / A playboyzada muito louca até os ossos / Vender droga por aqui, grande negócio". O mercado atual do tráfico de drogas no Brasil, o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, pode ser resumido nestes versos do rap "Um homem na estrada", do grupo paulistano "Racionais MCs". Esta realidade está mais exposta entre os jovens, que são abordados com frequência por traficantes e viciados até mesmo dentro das escolas. É o que mostra uma pesquisa feita pela Secretaria Estadual de Educação (Seed) entre os meses de março e maio de 2010, por ocasião do lançamento, pelo Governo do Estado, do Plano Estadual de Enfrentamento ao Crack.

O estudo "Diagnóstico referente ao uso de drogas nas escolas públicas estaduais do Estado de Sergipe: Situação preliminar" foi produzido com base em 1.625 questionários respondidos por alunos de 48 escolas públicas estaduais nas regiões de Aracaju, Estância (Litoral Sul) e Itabaiana (Agreste). Segundo os dados, 9% dos alunos entrevistados admitem a existência do consumo de maconha dentro das unidades de ensino, enquanto 3% identificaram o uso de cocaína e outros 4% apontaram o uso de crack, anabolizantes e cola de sapateiro. Entre as drogas legalizadas, o cigarro é o mais consumido, com o índice de 25%, seguido da bebida alcoólica com 18%.

O percentual se encaixa com outra preocupante pesquisa realizada em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid): o "V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre os Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras", no qual foi constatado que 16,5% dos estudantes das redes municipal e estadual de ensino de Aracaju já fizeram uso na vida de drogas psicotrópicas. "Não se trata, pois, de uma atividade feita em segredo ou longe dos olhos das pessoas. (…) Esse dado é muito significativo, pois fica constatado o uso de drogas licitas e ilícitas no interior da escola. O ideal é que não houvesse o consumo de qualquer tipo de droga, inclusive as drogas lícitas", diz o relatório da Seed.

Os mesmos dados mostram que 38% dos estudantes confirmaram a distribuição ou venda de drogas ilícitas no entorno da escola, enquanto outros 58% negaram. Das confirmações, 45% citaram a oferta de maconha, 29% de crack e 18% de cocaína. "Os dados informam que a presença, no entorno da escola, das drogas mais perigosas como o crack e a cocaína é percebida pela comunidade escolar", alerta a Seed. A oferta de drogas legalizadas também é considerada comum, por conta da existência de bares, farmácias e outras casas comerciais no entorno das unidades de ensino. "66% confirmaram a existência dessa prática, e 32% negaram. Dentre aqueles que confirmaram a existência da oferta de drogas nas proximidades da escola, 38% citaram as bebidas alcoólicas como sendo a droga mais ofertada, 36% citaram o cigarro, 10% medicamentos, 7% cola e 4% solventes", afirma o Diagnóstico.

Ainda de acordo com o estudo, "os prédios escolares são, em sua maioria, compostos de diversos ambientes que, em muitos casos, servem de esconderijo para o consumo de entorpecentes", cujos locais mais usados são os banheiros (21%), quadras de esportes (17%) e os pátios (14%). "Quando indagados sobre a ocasião em que as drogas são consumidas no ambiente escolar, 25% responderam na saída das aulas, 19% nos eventos, 18% no intervalo das aulas, 7% durante as aulas e 6% na entrada da escola", acrescenta o texto do relatório.

A pesquisa também identificou quem são os maiores consumidores de drogas lícitas e ilícitas. Nas ilícitas, como maconha, cocaína e crack, os alunos do Ensino Médio foram apontados por 21% dos questionários respondidos, seguidos pelos alunos do Ensino Fundamental (16%). Já entre as drogas lícitas, o maior consumo está entre os alunos da Educação de Jovens e Adultos, conforme 22% dos entrevistados. Os alunos do Ensino Médio foram identificados por outros 20% e os do ensino fundamental, por 16%.

Surpreendentemente, a mesma pesquisa identificou que funcionários, dirigentes e professores das escolas estaduais também estão vulneráveis ao uso de drogas, pois 5% dos participantes apontaram estes servidores como usuários de drogas ilícitas. Já entre os usuários de cigarro e bebidas, 18% dos entrevistados apontaram a equipe de apoio (servidores), 12% apontaram os professores e 5% os gestores das escolas. "Desse modo, aqueles que deveriam dar o exemplo, parecem não ser capazes de criar na escola um ambiente livre do uso de drogas", critica o relatório.

Maior consumidor – O estudo da Seed tem um formato semelhante ao 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (II Lenad), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cujos dados foram divulgados nesta semana e assustaram a opinião pública. A pesquisa, baseada em uma amostra feita com 4.607 pessoas em 149 cidades dos 27 estados brasileiros, apontou que, apenas nos últimos 12 meses, cerca de 3 milhões de pessoas consumiram cocaína e derivados como crack, óxi ou merla. Desse total, cerca de 800 mil consumidores – equivalentes a 27% – estão nos estados da região Nordeste e formam o segundo maior mercado consumidor de drogas do Brasil, perdendo apenas para a região Sudeste (com 46% do total).
Os dados relativos ao estado de Sergipe não foram contabilizados, mas a pesquisa teve a participação de três cidades sergipanas, escolhidas por sorteio: Aracaju, São Cristóvão (região metropolitana) e Frei Paulo (Agreste), onde 53 pessoas com idade mínima de 14 anos responderam a um questionário sigiloso, preparado pela Unifesp com mais de 800 perguntas.

O Lenad apontou ainda que a cocaína em pó, consumida de forma "cheirada", ainda é a mais comum, tendo sido usada no último ano por 2,3 milhões de adultos e 226 mil adolescentes entre 14 e 18 anos. Já a "cocaína fumada", categoria na qual se enquadram o crack, o óxi e a merla, também tem grande alcance entre os viciados, sendo usada recentemente por 1 milhão de adultos e 18 mil adolescentes. Os dados colocam o Brasil como o maior consumidor de crack do mundo e o segundo maior de cocaína, representando 20% do consumo da droga no mundo – conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) – e perdendo apenas para os Estados Unidos.

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