Desabamento da Coroa do Meio permanece sem causa definida
Publicado em 18 de novembro de 2014
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
miltonalvesjunior@jornaldodiase.com.br
Permanecem indefinidas as causas que contribuíram para o colapso de um prédio de cinco andares construído de forma irregular no bairro Coroa do Meio, em Aracaju. Quatro meses após o sinistro que vitimou quatro pessoas e matou uma criança recém-nascida, apenas suposições permanecem formando a opinião de milhares de sergipanos que acompanharam atentos as mais de 30 horas do serviço de resgate que mobilizou dezenas de profissionais do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Samu e Força Nacional. Os estudos permanecem sendo realizados por técnicos do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia, Corpo de Bombeiros e Instituto de Criminalística.
Até a semana passada cerca de dez pessoas foram intimadas a prestar depoimento na Delegacia Especial de Turismo, responsável pela coordenação geral da comissão que analisa as causas da tragédia. Entre os depoentes estavam alguns operários que por mais de três meses trabalhavam na obra, o proprietário do imóvel, populares que residem próximo ao edifício, além do engenheiro assinante da ata de ordem de serviço que, por motivos inexplicáveis, permanece com a identidade não divulgada. Segundo o Crea, o engenheiro não acompanhava o andamento da obra por possíveis falta de pagamento salarial. O resultado da perícia que estava marcado para ser divulgado no final de agosto, já contabiliza 78 dias de atraso.
Segundo o delegado Valter Sinas, coordenador do inquérito, é preciso ter cautela nas investigações, pois os relatos das vítimas e testemunhas, atrelados ao laudo da perícia vão ajudar a descobrir o que provocou o desabamento. Apesar dessa declaração curta e objetiva, o delegado informou que não irá conceder entrevistas detalhadas enquanto os estudos não forem concluídos. Essa medida foi adotada a fim de evitar informações contraditórias ao longo das análises. "Vamos nos pronunciar oficialmente quando todas as investigações forem devidamente finalizadas. A comissão de fiscalização continua apurando os fatos e em breve iremos relatar os detalhes dessa investigação", disse.
Questionado sobre os empecilhos encontrados durante as investigações, Sinas informou que depende de um laudo a ser apresentado pelo Instituto de Criminalística. "Trata-se de um serviço em conjunto onde devemos juntar todos os resultados e começar a apontar o erro, ou os erros. Estou aguardando a apresentação de um laudo e só iremos voltar a conceder entrevistas no final de todo esse trabalho", pontuou o delegado. O desabamento registrado às 2h30 do dia 19 de julho na Rua Poeta José Sales Campos, soterrou o servente de pedreiro, Josivaldo da Silva, 24, a esposa dele, Vanice de Jesus, 31, e a filha dela, Ane Gabriele de Jesus. Em fase de acabamento, o prédio residencial estava previsto para ser entregue em setembro.
Ao longo de todo o processo, o perito criminalístico Moisés de Oliveira Chagas, atual diretor do Instituto de Criminalística do Estado de Sergipe, enaltece a necessidade de obter cautela para analisar de forma fiel os problemas que interferiram na resistência estrutural do imóvel. Segundo declarado ao Jornal do Dia, o importante é analisar os fatos desde o serviço de fundamentação, até a qualidade dos materiais de construção utilizados na obra. "Devemos averiguar o tipo de areia, o tipo de concreto e brita, a polegada das vigas de ferro, a quantidade de blocos e pedras utilizadas no alicerce. É preciso ter cuidados nos estudos para que possamos apresentar a justiça e a sociedade respostas éticas e que represente em 100% a natureza dos fatos", afirmou.
Ao contrário das demais entrevistas concedidas sobre o assunto, dessa vez os órgãos que compõem as investigações não anunciaram um novo prazo para divulgação dos laudos.