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Desigualdade salarial escancara mesmo cargo e salários das mulheres pela metade


Publicado em 15 de abril de 2025
Por Jornal Do Dia Se


* Gregório José

 

A matemática da desigualdade salarial no Brasil não é complicada. É vergonhosa. É um cálculo simples, direto e cruel. Uma mulher, exercendo a mesma função, na mesma carga horária, com a mesma qualificação que um homem, ainda ganha cerca de 21% a menos. E se ela for negra, esse abismo se aprofunda como um fosso moral que não para de se alargar.
O mais recente Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Governo Federal, joga luz sobre aquilo que muitas empresas preferem esconder debaixo do tapete das planilhas: a desigualdade salarial está viva, ativa, e institucionalizada no Brasil. Pior: no cenário nacional, ela cresceu. Sim, aumentou. Em pleno 2025.
Em Minas Gerais, por exemplo, a diferença entre os salários de homens e mulheres caiu… 0,61%. Uma gota no oceano da disparidade. Lá, mulheres ganham em média R$ 1.026,90 a menos que os homens, todos os meses. Isso dá mais de doze mil reais por ano. Por ser mulher. Só isso.
E a tragédia não para aí: quando o fator racial entra na equação, o que já era injusto se torna indecente. Mulheres negras seguem recebendo em média menos que todas as demais. No Brasil, são R$ 2.864,39 de média salarial para elas, contra R$ 4.661,06 das mulheres não negras. É como se dissessem, com todas as letras, que a cor da pele também mede o valor do salário.
Diretoras, gerentes, profissionais com nível superior, até trabalhadoras administrativas – todas recebem menos. Em alguns cargos, mal chegam a 68% do salário de seus colegas homens. Que tipo de país é esse que trata mais da metade da sua força de trabalho como figurante no roteiro da própria sobrevivência?
E ainda tentam vender como avanço o fato de termos mais mulheres negras empregadas. Ora, é claro que é bom que mais estejam no mercado. Mas de que adianta se continuam presas na base da pirâmide, com salários achatados, promoções distantes e reconhecimento zero?
A tal “Lei da Igualdade Salarial”, que deveria corrigir essas distorções, está em vigor. Mas leis, no Brasil, muitas vezes são tratadas como sugestões. Como se igualdade fosse questão de opinião, não de justiça.
Enquanto isso, empresas com mais de 100 funcionários seguem burlando, disfarçando e maquiando números. Criam programas “de diversidade” com palavras bonitas e coffee breaks inclusivos, mas mantêm a planilha de pagamentos exatamente como sempre esteve: desigual, machista, racista e covarde.
Essa realidade precisa mudar. Não por caridade, mas por vergonha na cara. Por decência. Porque não é possível que, em pleno século 21, o Brasil continue aceitando a ideia de que homens valem mais que mulheres no mercado de trabalho. E que mulheres negras valham menos que todas.
O país precisa mais do que relatórios. Precisa de fiscalização. De multa. De constrangimento público. Porque, se tem uma coisa que patrão entende, é no bolso.
Enquanto isso não acontece, o Brasil segue repetindo o velho roteiro: mesmo trabalho, menos salário. E a conta, como sempre, sobra para quem mais precisa.

 

* Gregório José, Jornalista/Radialista/Filósofo

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