O carro do acusado foi queimado e jogado numa ribanceira, enquanto a casa foi totalmente derrubada
DONO DE CERCA TEM CASA E CARRO DESTRUÍDOS
Publicado em 08 de novembro de 2013
Por Jornal Do Dia
Dono de cerca que matou menina tem a casa destruída
O corpo da estudante Jaciele Bittencourt da Silva, 12 anos, que morreu após esbarrar em uma cerca elétrica irregular no Loteamento Nossa Senhora de Fátima, em Nossa Senhora do Socorro (Grande Aracaju), foi enterrado ao final da manhã de ontem no Cemitério São João Batista, no Castelo Branco (zona oeste). Ela sofreu a descarga elétrica enquanto tentava pegar mangas no quintal da casa de um vizinho, que improvisou a cerca com gambiarras ligadas diretamente à rede de energia elétrica. Horas depois da tragédia, antes do início do velório, a casa foi saqueada e destruída por vizinhos e desconhecidos que se revoltaram com a morte da menina e as supostas atitudes de descaso atribuídas ao dono da casa.
A depredação começou durante a noite, quando populares levaram praticamente todos os objetos da residência. Em seguida, eles derrubaram o telhado e as paredes com golpes de marretas e picaretas. Não satisfeitos, as mesmas pessoas incendiaram e reviraram o carro da vítima, uma caminhonete S-10, que, por pouco, não explodiu. Pela manhã, outras pessoas foram vistas levando entulhos e outros objetos da casa do acusado, que desapareceu do bairro após a morte de Jaciele.
Em meio aos escombros, foi encontrada uma carteira de agente de saúde, com a identificação de um homem de 44 anos, que não teve sua identificação confirmada pela polícia. Os familiares da menina afirmam que ele teria ligado os fios irregularmente na cerca de arame e acionava a corrente elétrica por meio de uma chave. Jaciele brincava com a irmã gêmea e teria ido buscar mangas para uma irmã mais velha, que está grávida e desejava a fruta. Ela chegou a conseguir tirar o fruto de uma mangueira e depois voltou com a irmã para buscar mais.
O relato dos familiares é de que, ao ver que as crianças se aproximavam, o dono da casa teria ligado a cerca e assistido a tudo sem prestar nenhum socorro, enquanto Jaciele era puxada pela força da energia que passava pelos fios e arames presos na cerca. Uma das irmãs contou que a vítima gritava por socorro e ficou com o arame energizado preso ao pescoço. A cerca só foi desligada depois que parentes e vizinhos, alarmados pelos gritos de desespero da irmã gêmea, foram para a frente da casa e exigiram que o proprietário desligasse a cerca.
O socorro médico chegou a ser acionado, mas Jaciele já estava morta. Os irmãos da menina fazem uma acusação mais grave: o proprietário da casa teria ido até a cerca e, ao constatar a morte da menina, retirou o corpo e jogou-o no mangue, fugindo em seguida. Após a retirada do corpo e a saída dos peritos da polícia, que tinham sido enviados ao local, o saque à casa do acusado começou. O velório de Jaciele aconteceu na casa de uma tia, de maneira muito simples. A família dela tem 10 irmãos, é muito pobre e recebeu a ajuda de amigos e vizinhos para providenciar o caixão e a sepultura.
O caso é investigado pela 10ª Delegacia Metropolitana (Bugio), que já ouviu depoimentos de algumas testemunhas e, no final da tarde, foi contatada por um homem que se apresentou como o dono da casa. ele prometeu se apresentar nos próximos dias, acompanhado por um advogado. Ele poderá ser indiciado por homicídio qualificado e também por furto de energia, pois a cerca foi instalada sem autorização da Energisa.