Evento debate memória e ancestralidade dos povos de terreiro
Publicado em 22 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Ilê Axé Alarokê realiza, entre os dias 25 e 27 de novembro, em Aracaju/SE e São Cristóvão/SE, o XIII Xirê da Consciência Negra. Com mesas de debates, palestras, apresentações artísticas e oficinas e turbante, percussão e dança afro, o evento visa a difusão e preservação da memória das religiões de matriz africana e do patrimônio cultural negro em Sergipe, além de compartilhar conhecimento e fomentar o empoderamento das comunidades tradicionais de terreiro.
Voltado a estudantes, pesquisadores, integrantes do movimento negro e demais potenciais agentes da luta contra o racismo religioso, O Xirê da Consciência Negra vem se consolidando, nos últimos anos, como um importante espaço de discussão sobre ações de valorização da cultura afro-brasileira e enfrentamento ao racismo no âmbito local e nacional. Desta vez, além de fomentar debates entre os próprios terreiros, o evento convida representantes dos poderes executivo, legislativo e judiciário para participarem da programação, já que os debates trazem uma valiosa contribuição para a sociedade, ao propor o desenvolvimento de ações afirmativas e políticas públicas.
Para a abertura do Xirê, que acontecerá no Auditório do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (Codap/UFS), Campus São Cristóvão/SE, o Grupo Experimental Afro Contemporâneo apresentará o espetáculo de dança Eleguá. A Mesa 1, intitulada “Memória e Ancestralidade dos Povos de Terreiro”, contará com as presenças ilustres da iyalorixá do Abassá São Jorge, Marizete Lessa; a loxa da Irmandade Nagô Santa Bárbara Virgem, Bárbara Cristina e o babalorixá do Terreiro São Lázaro, Everton Pereira. Ao final, será exibida a produção audiovisual “10 Anos do Projeto A Escola Vai ao Terreiro.
A programação do segundo dia de evento continua no Codap, desta vez com show de MC Pardal, seguido de uma Mesa de Debates sobre “Direitos dos Povos de Terreiro e Combate ao Racismo”.
Confirmaram presença a procuradora da República Martha Figueiredo, os promotores de Justiça Julival Rebouças e Fausto Valois; a deputada estadual Linda Brasil e a delegada de Polícia Meire Mansuet.
Já no dia 27, último dia de evento, as unidades escolares que receberão as atividades do Xirê da Consciência Negra são a Escola Municipal Gina Franco, no Centro de São Cristóvão, e o Centro de Excelência Barão de Mauá, em Aracaju. Estão previstas palestra sobre a “Educação Antirracista”, com o Profº Me. Ramon Diego. Além da palestra, a programação contará com oficinas culturais de Dança Afro, com Michelle Pereira; Percussão, com Allan Moncorvo e Turbante, com Nauã Vieira. Também será apresentado o Espetáculo Sankofa, do HECTA Coletivo de Teatro Afro.
A ideia de criar este evento que agora chega em sua oitava edição surgiu a partir da constatação de que havia uma carência de atividades desta natureza em âmbito local. De acordo com Danielle Azevedo, da equipe de direção e produção, sempre houve grande produção de conhecimento dentro dos terreiros e as pesquisas sobre candomblé realizadas nas universidades eram pouco socializadas.
“Foi então que a primeira edição do evento marcou este encontro de saberes entre as comunidades de terreiro e acadêmica, trazendo o povo de santo para falar sobre sua história, sua cultura e suas experiências, ao mesmo tempo em que pesquisadores, prioritariamente candomblecistas, são convidados a apresentar os resultados de suas pesquisas. No candomblé, a palavra “Xirê” significa dançar, brincar, reunir pessoas numa grande festa. E é isso que acontece com este evento, torna-se palco festivo de um encontro de saberes popular e científico”, explica.
O XIII Xirê da Consciência Negra é realizado por meio do Edital de Fomento nº 07/2023 – Demais Linguagens, lançado pelo Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (FUNCAP ), com apoio financeiro oriundo da Lei Complementar Federal nº 195/2022 – Lei Paulo Gustavo.