Familiares de Genivaldo cobram prisões
Publicado em 07 de junho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Milton Alves Júnior
Depois da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na manhã de ontem, em depoimento oficial apresentado na sede da Polícia Federal, em Sergipe, foi a vez de familiares de Genivaldo de Jesus Santos pedirem a prisão preventiva de Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia, policiais rodoviários federais que foram afastados após participarem ativamente da abordagem que resultou na morte de Genivaldo, de 38 anos, no dia 25 de maio. Ivy Melo, advogado que acompanha e defende os pleitos da família, revelou que o pedido foi feito com base em fraude processual, uma vez que o conteúdo do Boletim de Ocorrência registrado pelos policiais não confere com as imagens capturadas e compartilhadas por populares que testemunharam a ação da PRF.
Amanhã (8) completam 15 dias do ocorrido. Desde então o JORNAL DO DIA mostrou que um boletim operacional foi assinado por cinco agentes da Polícia Rodoviária Federal, sendo que, dois, não aparecem nas imagens, bem como não estavam no local da abordagem. Clenilson José dos Santos e Adeilton dos Santos Nunes foram ouvidos na última sexta-feira (3); ontem e hoje estão sendo ouvidos Kleber Nascimento, Paulo Rodolpho e William Noia. Na defesa dos acusados, o advogado Glouver Rubio alegou que há a necessidade da prisão. Segundo análise do especialista, não estão sendo preenchidos os requisitos da prisão preventiva. Para ele, uma prisão cautelar é uma ação de instrumento de um processo, não uma prisão de vingança, condenação ou para dar uma resposta.
Argumento de defesa – “A gente entende que Genivaldo não esboçou nenhuma reação, os vídeos são claros. A reação que ele esboçou é superveniente à agressão que ele sofreu. Ele foi vítima de uma agressão injusta praticada pelos policiais rodoviários federais, isso está claro no vídeo. No momento inicial da abordagem não houve nenhum tipo de reação por parte do senhor Genivaldo. Quando ele foi submetido a uma agressão com spray de pimenta, é possível ver no vídeo que ele leva a mão ao rosto para tirar o spray de pimenta quando um policial puxa ele fazendo acreditar que houve uma reação. E não houve reação. Se ele tivesse agido, teria agido em legítima defesa”, rebateu Ivy Melo.
A Superintendência da Polícia Federal em Sergipe não avalia, ao menos neste momento, necessidade de atender ao pedido de prisão preventiva dos três agentes. Fredson Vidal, delegado da PF, enalteceu que a investigação está respeitando todos os trâmites necessários, com o apoio integral da PRF, e, que, por este motivo, não visualiza indícios os quais remetam ao pedido de reclusão por parte dos servidores federais. Todo o processo de investigação está sendo acompanhado pelo escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) na América do Sul, pela Ordem dos Advogados do Brasil (Seccional Sergipe), bem como pelo Conselho Federal. A perspectiva é que o trabalho da perícia seja concluído até o dia 25 deste mês.