Fila persiste, sobre perícias
Publicado em 23 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se
EDITORIAL
Após dois longos meses de greve, o governo federal finalmente resolveu considerar as reivindicações dos peritos a serviço do INSS. Assim, deu-se fim à paralisação, mas não à extensa fila de velhinhos e inválidos em busca dos próprios direitos. Mais uma vez, a população paga o pato.
Para reduzir a fila de exames periciais agendados, foi definida a realização de até 12 atendimentos diários por profissional. No entanto, de acordo com lei de 2019, os médicos que ultrapassarem essa quantidade, vão receber R$ 61,72 por perícia extraordinária. Há dúvidas quanto à disposição do governo em arcar com tal custo. De todo modo, os servidores terão 8 meses para compensar os dias não trabalhados.
Longe de levar uma vida fácil e gozar merecido descanso, após uma vida inteira de trabalho, os aposentados brasileiros sofrem um golpe após o outro. A reforma na previdência promovida pelo governo foi o mais covarde, pois ampliou desigualdades e dificultou o acesso ao benefício. Não foi o único. Um corte recente de R$ 988 milhões no orçamento do INSS tem o potencial de atrasar a concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários, como aposentadoria, pensão e auxílio-doença; prejudicar o atendimento dos segurados; fechar agências e, segundo o sindicato de funcionários, aumentar ainda mais a fila de espera, que hoje já tem 1,8 milhão de processos à espera de um parecer.
Infelizmente, o INSS é retrato fiel do desmantelo imposto aos serviços públicos durante a gestão Bolsonaro. Sucateado, sem servidores suficientes para atender a demanda, o Instituto vem se mostrando incapaz de cumprir a missão para a qual foi idealizado. Pior para milhões de potenciais beneficiários, os trabalhadores mofando na fila de espera, sem data para ter o pedido analisado.