O Reitor Valter Joviniano de Santana Filho.
Fluendo Crescit: Universidade Federal de Sergipe comemora 54 anos
Publicado em 31 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Valter Joviniano de Santana Filho
“Flutuando cresce”, tal é o lema da Alma Mater sergipana e prestigiosa aniversariante do mês: a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Na ocasião de seu 54º jubileu, é oportuno lembrar de onde viemos para olhar com ainda mais firmeza e esperança para o futuro. Lá trás, quando o sonho de uma universidade se convertia em uma entusiasmante e desafiadora realidade, o heraldista Paulo Lacheumayer foi certeiro em reverenciar as águas do Rio Sergipe nas cores do escudo do nosso brasão de armas. Lacheumayer registrou “grande é o valor simbólico das águas dos rios que pela fluência crescem até diluir-se na plenitude dos mares – estímulo aos que procuram a Sabedoria”. Neste momento de comemoração, recordemos, pois, este primeiro mote – Fluendo Crescit.
Em 54 anos, a UFS cresceu, de fato, e este mês, através de uma programação especial, celebramos seus êxitos e amadurecimento. Instituída pelo Decreto Lei nº 269/1967 (BRASIL, 1967), que criou a Fundação Universidade Federal de Sergipe, a FUFS foi oficialmente instalada em 15 de maio de 1968. Carrega em seu DNA o patrimônio de seis instituições de ensino superior, incorporadas em sua criação: a Escola de Química de Sergipe, a Faculdade de Ciências Econômicas de Sergipe, a Faculdade de Direito de Sergipe, a Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, a Escola de Serviço Social e a Faculdade de Medicina de Sergipe. Dessas instituições, vieram seus 12 cursos fundadores, a saber Química Industrial, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e Atuariais, Direito, Geografia, História, Pedagogia, Filosofia, Letras, Matemática, Serviço Social e Medicina.
Através dessas graduações, muitos jovens sergipanos alcançaram o sonho do primeiro diploma da família, até então, quase impossível para quem não tinha condições de sair do estado. A relevância social, cultural e econômica da criação de uma universidade pública é incomensurável. E podemos reconhecer que tal feito se torna ainda mais laudável considerando que esta foi a primeira – e segue sendo a única – instituição pública de ensino superior em um estado cuja maior parte da população, à época, residia em zonas rurais e apresentava baixa escolarização.
Em 2022, o crescimento da instituição é manifesto na ampliação de sua oferta de formação, em sua expansão territorial e no consecutivo desenvolvimento de suas instalações e facilidades. Hoje, com 6 campi ativos, 13 pólos de Educação à Distância e um prestigiado Colégio de Aplicação, a UFS está presente em todas as regiões do estado. Contam-se 108 graduações, 48 programas de mestrado e 20 de doutorado; indicadores que tendem a ser superados num futuro próximo, com a finalização das obras estruturais da sede definitiva para o Campus do Sertão, em Nossa Senhora da Glória.
Nessa esteira, desenvolveu-se uma profícua comunidade universitária, a qual se faz cada vez mais próxima da sociedade. Um aspecto notável foi a amplitude das ações extensionistas, mesmo em plena emergência sanitária, em virtude da pandemia de COVID-19. Dados de agosto do ano passado, contavam mais de 195 programas, 351 projetos, 244 eventos e 96 cursos de extensão em andamento; esses também, devedores à colaboração e criatividade da nossa comunidade. A UFS do presente orgulha-se de seus mais de 27.000 alunos, 1.665 professores, 1.407 técnicos administrativos e 925 terceirizados. São milhares de vidas que transformam a nossa universidade e também são por ela transformadas. São essas pessoas que animam, com seus sonhos, talentos e seu compromisso, todo o complexo universitário da UFS. Afinal, parafraseando o que versou Paulo Freire (1921-1977) sobre a escola: não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos… Universidade é sobretudo, gente.
É justamente pensando nas “gentes” da UFS que nosso Plano de Desenvolvimento Institucional atual (2021-2025) preconiza a valorização das pessoas. Tal valor norteador é expresso na inclusão de estratégias que contemplam a gestão organizacional e o desenvolvimento de pessoal. Além disso, entram em pauta necessários gestos simbólicos de reconhecimento e acolhida. Não se trata apenas de avaliar e incentivar a capacitação dessas pessoas, mas também de promover o bem-estar e a qualidade de vida de toda a nossa estimada comunidade universitária. Por isso, a tônica desse mês foi co-memorar (também lido como lembrar juntos) os últimos anos e a nossa vida com aqueles que diariamente contribuem para o nosso desenvolvimento. Se continuamos fluindo e crescendo apesar de todos os obstáculos dessa longa jornada, incluindo as mais recentes provações sofridas com a pandemia, é graças às muitas mentes e afetividades que se mantiveram unidas, mesmo quando fomos forçados a nos distanciar socialmente.
Assim, cheios de brios, celebramos a efeméride dos 54 anos homenageando nossa comunidade com o recém-instituído “Prêmio Destaque UFS”, cuja entrega foi escalada em diferentes campi, contemplando professores efetivos e substitutos, técnicos administrativos, trabalhadores terceirizados e discentes que contribuíram para a efetividade de ações que tiveram impactos didático-pedagógicos, relevância social, tecnológica ou artístico cultural, nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e gestão. E assim, imbuídos dos afetos, da força e da demonstrada resiliência dessa comunidade, rumamos para mais um ano de trabalho dedicado à democratização do ensino público de qualidade.
Através do “Prêmio Destaque UFS” homenageamos sujeitos fundamentais na nossa trajetória, e também agradecemos a cada pessoa do nosso corpo social que se soma à nossa missão de contribuir para o progresso da sociedade por meio da geração de conhecimento e da formação de cidadãos críticos, éticos e comprometidos com a construção de uma sociedade moderna, sustentável e inclusiva.
Tudo isto se traduz na intensificação da relação ensino-pesquisa-extensão e na consequente elevação da ciência em seus sentidos mais amplos e profundos. O futuro é hoje tão entusiasmante e desafiador quanto o foi cinco décadas atrás. Irrepreensivelmente aberta e inacabada, a ciência permanece um convite urgente para irmos além, superando nossas limitações e preconceitos. Sigamos, pois, com determinação e perseverança na nossa jornada por uma universidade cada vez mais inovadora, integrada e inclusiva. Afinal, o sonho de uma universidade pública continua se realizando em Sergipe. E este é, e será sempre, um sonho (do e pelo) coletivo.
Viva a Universidade Federal de Sergipe!
Valter Joviniano de Santana Filho, é reitor da Universidade Federal de Sergipe.