Terça, 22 De Abril De 2025
       
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Manguezais do Sergipe abrigam 38 milhões de toneladas de carbono azul


Publicado em 03 de abril de 2025
Por Jornal Do Dia Se


(Marcos Rodrigues/ASN)

Sergipe está entre os quatro Estados com as maiores reservas de carbono azul no Nordeste brasileiro, com 38 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO?) armazenadas em seus manguezais. Esse potencial pode se traduzir em R$ 983,4 milhões em créditos de carbono no mercado voluntário. Apesar de sua importância, as áreas de manguezal enfrentam ameaças crescentes, como desmatamento, poluição e a pressão da produção de commodities.
Os cálculos fazem parte do estudo “Oceano sem Mistérios: Carbono azul dos manguezais”, conduzido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e pelo projeto Cazul, do Rio de Janeiro. Espera-se que, com a regulamentação do mercado de carbono em dezembro de 2024 (Lei 15.042/2024), seja fortalecida a transição para uma economia de baixo carbono. Em um cenário favorável, com uma precificação desejada de 100 dólares a tonelada, estima-se que o valor do carbono armazenado nos manguezais sergipanos possa alcançar até R$ 21,3 bilhões.
Para garantir a manutenção desse estoque, chamado de carbono azul, por estar associado a ambientes marinhos, os estados precisam proteger seus manguezais, mantendo-os saudáveis. “Dessa forma, é possível assegurar todos os benefícios que esses ecossistemas oferecem, como a proteção da linha de costa, reduzindo a força e o alcance das ondas, a manutenção da produção pesqueira, a conservação da biodiversidade, entre muitos outros. Além disso, os créditos de carbono representam uma estratégia adicional para financiar a conservação dessas áreas”, explica Alexander Turra, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor titular do Instituto Oceanográfico da USP e responsável pela Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano.
O Nordeste é a região com o maior número de municípios inseridos nesse ecossistema: 197 cidades, que juntas abrigam cerca de 20 milhões de pessoas. Ao todo, no Brasil, os manguezais armazenam 1,9 bilhão de toneladas de CO?, o que representa um potencial de geração de até R$ 48,9 bilhões em créditos de carbono, conforme o valor praticado no mercado voluntário. Esse valor pode alcançar até R$ 1,067 trilhão, caso o preço da tonelada de CO? atinja a marca de R$ 562,00, em um cenário de transição para uma economia de baixo carbono. No mercado voluntário brasileiro, a tonelada de CO? já foi negociada a R$ 25,85, com a cotação de R$ 5,62 para cada dólar. Considerando o aumento médio anual de 2,9 milhões de toneladas do estoque de carbono azul, os pesquisadores estimam um incremento de R$ 75,2 milhões por ano no mercado voluntário.
Como funciona – O mercado de créditos de carbono ganha força com as metas ambientais de cada país para frear o aquecimento global, tornando necessária a descarbonização de diversos setores da economia. Nesse cenário, o crédito de carbono é um mecanismo que permite que empresas e países compensem suas emissões de CO?, comercializando créditos e investindo em projetos que reduzam ou capturem gases do efeito estufa, como a conservação de florestas e manguezais.
Parcela significativa das emissões vem de ações humanas, como o uso de combustíveis fósseis, o desmatamento, a agropecuária e processos industriais. Parte desse carbono é capturada pela vegetação, mas também por outros organismos fotossintetizantes, como as algas, e armazenada em troncos, galhos, raízes, folhas e, especialmente no manguezal, no solo, auxiliando no equilíbrio atmosférico e minimizando o aquecimento global e seus eventos extremos. Cada crédito equivale a uma tonelada de CO? que deixou de ser emitida ou foi absorvida da atmosfera.
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