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Menores voltam a se rebelar na Usip e no Cenam


Publicado em 25 de outubro de 2013
Por Jornal Do Dia


APÓS AS FUGAS, CONTAGEM NO CENAM

Gabril Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Novas rebeliões no dia de ontem voltaram a sacudir a Unidade Socioeducativa de Internação Provisória (Usip) e o Centro de Atendimento ao Menor (Cenam). Os tumultos causados pelos internos aconteceram quatro vezes ao longo do dia, sendo duas em cada unidade e envolvendo praticamente todos os adolescentes. A última delas explodiu no final da tarde, por volta das 18h, quando os internos do Cenam começaram um quebra-quebra e destruíram praticamente duas alas, além das câmeras do circuito interno de segurança. Até o fechamento desta edição, os rebeldes estavam concentrados no pátio da unidade, controlados por tropas do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChq).

Os motins começaram na Usip, por volta das 7h, durante a troca de turno dos agentes socioeducativos. De acordo com os servidores que chegavam ao plantão, a confusão teve início na Ala 3, onde os internos começaram a sacudir as grades e reclamar da condições da unidade. "Posteriormente, os outros internos foram se inflamando e foi passando de ala por ala, até que todas começaram com o "bate grade" generalizado e fazendo muito barulho. Nós conseguimos conversar com os internos, a negociar e a maioria das alas se acalmaram", relata o agente Uanderson Conceição, ligado ao Sindicato dos Agentes Socioeducativos de Sergipe (Sindasse), ao confirmar que o tumulto foi controlado pelos próprios agentes.

Em seguida, houve a visita do coordenador de segurança da Fundação Renascer, tenente Alzot Trindade, que conversou com alguns dos internos e chegou a gravar os depoimentos deles em um vídeo. Na saída dele, por volta das 8h, a confusão recomeçou e, desta vez, com a tentativa de fuga de um interno que conseguiu passar por um buraco cavado na Ala 5, mas foi agarrado pelos agentes conseguiram cerca-lo e capturaram o adolescente. Desta vez, os menores enfrentaram os educadores com pedradas, mas a rebelião foi controlada com a ajuda da PM. "Eles chegaram até a apresentar uma arma artesanal. Tivemos que chamar a equipe da Choque para controlar a situação.  Só depois disso a confusão foi controlada e os internos dessa ala foram levados para a quadra da unidade", disse Conceição.

À tarde, por volta das 14h, foi a vez dos internos do Cenam baterem objetos contra as grades, saírem de suas alas e recomeçarem as tentativas de fuga. Um grande grupo de adolescentes escalou o telhado e tentou acessar a Usip ou fugir. A tropa de Choque foi imediatamente enviada ao local e conteve o avanço do grupo. Uma contagem realizada pela PM após o fim do tumulto apontou que 15 internos conseguiram fugir, o que não foi confirmado pela Renascer. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado para socorrer dois internos que ficaram feridos. Um deles teria quebrado o pé depois de pular do telhado, sendo socorrido ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).

As confusões reacenderam o clima de guerra entre os agentes socioeducativos, em greve há quase três meses, e a direção da Fundação Renascer. Os agentes acusam a Renascer – principalmente o tenente Alzot – de praticar maus-tratos contra os internos e tomar medidas para culpar os agentes pelas constantes crises e rebeliões na Usip e no Cenam. O presidente do Sindasse, Sidney Guarany, mostrou aos jornalistas um ofício no qual a direção determina que cinco alas da unidade sejam mantidas destrancadas normalmente, o que, para os agentes, facilita ainda mais as chances de fuga.

Em nota, a Fundação Renascer diz que este ofício "trata-se de uma ação administrativa do diretor da unidade visando a movimentação dos adolescentes na área de convivência das alas mencionadas, visto que os ‘quatros’ são áreas individuais menores onde apenas dormem e fazem uso dos banheiros". Já o tenente Alzot, alvo das acusações dos agentes, afirma que os adolescentes confirmaram os espancamentos e que três boletins de ocorrência foram registrados ontem de manhã para apurar as denúncias.

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